Poesia mélica: Álcman e Anacreonte

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Apresentação das características gerais da poesia mélica (gr. "mélos", canção), também chamada posteriormente de "lírica" (por ter às vezes o acompanhamento musical da lira). Considerando alguns poemas, em termos formais, pragmáticos e de conteúdo, levamos em conta sua produção no período arcaico, a partir de alguns fragmentos de Álcman (na sua vertente de mélica coral) e Anacreonte (na sua vertente de mélica monódica, ou seja, cantada a uma só voz). Para isso, situamos contextualmente a vida desses poetas, a fim de ilustrar aspectos diversos da cultura e da história antigas a partir de uma análise dos próprios poemas que a tradição atribuiu a cada um deles.

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AULA 11
As últimas aulas referentes a poesia mélica me fizeram relembrar e entender um pouco mais sobre os conceitos de mimesis e também sobre as diferenças entre pessoa, poeta e persona, aspectos que influenciam muito nossas leituras, interpretações e também nossa assimilação da literatura atrelada a época produzida e seus impactos no desenvolvimento futuro.
Mas o ponto que mais me chamou atenção é como a poesia possuía funções tão específicas e intrigantes no passado, tendo realmente uma função social, religiosa, algo necessário a comunidade da época, o que se difere muita da visão sobre a poesia na contemporaneidade. Isto me deixou extremamente ansiosa para as próximas aulas e para um possível entendimento a respeito das mudanças que se deram com a mercantilização da poesia.

mafemafii
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A partir da leitura de Budelmann, me chamou mais atenção o apontamento realizado, mais para o final da aula, entre o que seria uma religião despreocupada e uma religião séria, e que, no contexto dos gregos, tal diferenciação não se colocava. A poesia mélica, em sua forma coral, carrega consigo o próprio "ato de palavra" enunciado, e assim representa, em grande parte devido aos mitos, toda uma tradição religiosa, que é também poética e cerimonial.


Num intercâmbio aos dias de hoje: quanto mudou! Apesar disso, quanto também permaneceu, ao pensarmos na presença de organizações corais (mas que restringem-se muitas vezes ao canto, não abarcado a dança), e de celebrações religiosas que encarnam em cenas e símbolos valores também tão tradicionalmente construídos.


Um segundo ponto que me impressionou foi a reiterada menção às concatenações políticas dentro desses eventos, e como eles, por terem essa característica intrinsicamente expositiva, voltada à valoração, são ótimos mecanismos pelos quais determinados valores políticos circulam e se modificam, sendo portanto bastante profícuo, a um tirano, influenciar em suas exposições.

rafaelpublio
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AULA IX – Poesia mélica: Álcman e Anacreonte
Para além da exposição do Professor Rafael, que como sempre é rica em detalhes e muito bem projetada, pude também perceber que apesar da poesia mélica ter uma extensão menor que a épica, por exemplo, é muito mais complexa de ser compreendida, trazendo reflexões profundas e também referências temporais.
Algo que me chama atenção também é como a questão da poesia como performance pode ser representada de diversas formas atualmente e como é interessante aprender de onde surgiram essas tradições, mesmo que hoje tão distante do original.
O professor chama atenção também para não confundirmos a persona poética do poeta, o que pode ser um desafio quanto à leitura de algumas obras.
Eu, particularmente, gostei da leitura de Álcman, achei que mesmo tão distante do presente, sua obra se encaixa em um contexto atual, claro que considerando mais alguns fragmentos, não todos. Enfim, acredito que a leitura desses grandes autores seja algo interessantíssimo e com certeza muito enriquecedora.
Ademais, sobre a exposição, pude compreender alguns pontos que antes estavam ainda obscuros.
E sobre os sympósions, é interessante pensar como a relação entre as pessoas do sexo masculino sempre foi mais amigável e também estimulada a ser assim, inclusive para se fazer parte de uma sociedade pública e política.

iarachades
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Aula 9

Álcman = poesia lírica coral / Anacreonte = poesia lírica monótica


Não sabia que a expressão poesia lírica foi atualizada para poesia mélica em função do aulós e seu uso em algumas partes apenas. Na verdade, achei que a lira era utilizada durante toda a poesia. É cada descoberta incrível e curiosa conforme os vídeos se passam! Não sabia que até no ato de beber o vinho havia uma postura correta de performance se apoiando no cotovelo. Muito bom!


A questão das métricas da poesia lírica coral e da monótica me faz pensar em como as performances gregas tinham cerca “complexidade específica” e muito bem definida para cada tipo de arte utilizada.


Sobre Álcman, como citado no vídeo acerca de ser o primeiro na tradição mélica, também é o primeiro no “cânone dos nove líricos de Alexandria”. Era lídio e foi escravo em esparte, sendo libertado por ser muito habilidoso como poeta e dominar bem um dos dialetos da língua grega. Isso me lembra que em Homero e na política de Aristóteles vemos alguns comentários que nos leva a entender como os gregos enxergavam escravos e homens livres: escravos geralmente fortes para o trabalho braçal, mas sem a “capacidade lógica” dos homens livres, enquanto os outros nasceriam com uma predisposição aos talentos e questões da vida cívica.


Sobre Anacreonte, creio que talvez ele teria certo apreço ao deus Dionísio, pelas referências das guirlandas do vídeo, as constantes abordagens em textos que mostram o poeta cantando ao deus, sua ligação por Clemente de Alexandria como inventor das “canções de amor” e as peculiaridades de seu estilo poético.

isahellnessaporra
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Olá professor, essa aula foi muito legal, me demonstrei um fã maior da poesia mélica. No começo o senhor retoma um problema que é recorrente, que é a utilização da obra poética e literal do autor como referencia bibliográfica, apesar de diversos exemplos e de como isso de certa forma pode induzir ao erro, ainda se mantém um tanto quanto frequente. Achei super interessante quando mais ao meio do vídeo o senhor dá o exemplo de como pode se utilizar esses textos, que nós estamos lendo, como forma de embasamento para pesquisa e crítica a valores e costumes que ainda se apresentam na sociedade atual, achei um ótimo incentivo e acho que ajudou outros alunos além de mim a aumentar o repertório e a criatividade.
Outro ponto da aula que achei benéfico para o ensino foi o ato de o professor disponibilizar material sobre esses autores que foram importantes para o movimento mas que possuem uma quantidade menor de destrinchamentos na internet.
Álcman parecia ser um poeta que utilizava muito de animais para suas comparações, ao utilizar o cavalo, a coruja, o cisne, por exemplo. Além de ser alguém que de certa forma se afastava de uma das características que nos vimos Arquíloco ter, que buscava subverter alguns valores aristocráticos e militares cantados nos épicos. Acho que devido a poesia em forma de coral, onde uma das característica é o passado mítico, creio eu que acaba por possuir um caráter mais narrativo como o dos épicos.
A poesia mélica monódica ao ser mais expressiva e emocional acredito que faz com que o ouvinte acabe por se conectar de forma mais íntima, acho que por isso as relações pederásticas eram mais frequentes em banquetes, por haver a predominância da poesia monódica. Ao utilizar o pronome na primeira pessoa ao retratar o “eu” poético e se dirigir por vezes a uma segunda pessoa acabava por ambientar mais ainda essa expressividade que buscava, realmente de uma estruturação incrível.

wanderflaviodemelo
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Aula 11
Super interessante como o vídeo elucidou algumas questões que ficaram no anterior. Parabéns pelo planejamento do trajeto!

Sobre o coro, um ótimo ponto é a percepção de que ele não é um grupo em que são descartadas as individualidades. Costumamos pensar no coro de uma outra forma hoje em dia, como um cardume em sintonia absoluta e, até, com uma entonação única (ou harmônica), uma única vontade/intenção. Nesse sentido o corego na poesia mélica e o corifeu na tragédia são figuras que se destacam, mas existe, nos dois gêneros, uma diversificação nos demais integrantes da performance. Acredito ser uma pesquisa rica a investigação das vozes coletivas na "literatura clássica" de uma forma comparativa, apresentando semelhanças e diferenças.

O coro na poesia mélica também desempenha funções rituais, cabendo pensar na performatividade tanto da fala (o que me lembra os atos de fala), quanto na dança e demais elementos presentes. Penso que a própria enunciação de nomes relacionadas ao coro, assim, cumprem uma função ritual de identificação com tais figuras.

carmenmarcal
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[Comentário da aula 9] Olá, Rafael. Tudo bem?
Gostei muito das exposições feitas sobre a poesia mélica. Estou ainda no início da minha graduação em Estudos Literários, mas os estudos sobre as poesias é uma das partes que mais gosto do curso de Letras, tenho muito interesse nessa área. Dessa forma, é interessante ver como a relação com a poesia se transformou tanto dos primórdios desse gênero até aqui. Essa parte do conteúdo levou-me a refletir sobre a relação que os antigos tinham com a coletividade, em que o “eu poético” da poesia arcaica personaliza, na verdade, “eus poéticos” que constituem uma identidade coletiva com a finalidade de participar da e na coletividade. Pelo visto, perdemos muito desse aspecto da cultura grega, afinal, a nossa sociedade hodierna parece não conseguir almejar propostas coletivas, não consegue se imaginar como coletividade (pensemos na própria pandemia de coronavírus, em que muitas pessoas em nome de sua pretensa liberdade individual não respeitaram recomendações, que para além das liberdades individuais, em prol de soluções coletivas, que só fazem sentido se praticadas em coletividade; as máscaras só funcionam assim e a vacinação também, afinal, mais importante que se vacinar, são os outros (pelo menos 70% da população) se vacinarem também. Enfim, momento desabafo…).
Tendo em vista essa relação com a coletividade e esse uso de uma 1ª pessoa do discurso em uma outra concepção, entendo que a poesia compreendida modernamente bebe do que a poesia mélica fez primordialmente, que é a predominância da 1ª pessoa e ter expressividade. As concepções são diferentes como vimos com clareza na aula, mas a confusão dessa persona do poema com a pessoa histórica acontece com frequência na interpretação de poemas até hoje e isso, acredito eu, que deve ocorrer muito por causa da dêixis inevitável do pronome pessoal “eu”, que para um leitor não atento (ou leigo) só pode ser quem escreve e nem sempre isso é verdade. No caso dos antigos isso se complexifica ainda mais por causa de uma tradição biográfica, que na verdade, são ficcionalizações sobre quem foram os poetas.
Gostei de saber dos “simpósios palacianos”, em que os poetas eram convidados por figuras políticas importantes da Grécia arcaica. Interessante notar a transição de uma inspiração puramente divina (vinda das Musas) para uma inspiração mercantil da poesia e como o mundo político utiliza os artistas para prestigiar suas ações (vide, contemporaneamente, o uso de artistas em campanhas político-eleitorais que são até regulamentadas e até mesmo restringidas, em alguns casos, pela Justiça Eleitoral). Legal perceber que essa é uma prática comum no campo político é antiga e que isso só ocorre quando, claro, a política é ocupada por pessoas que entendem minimamente da importância da arte e da cultura (alguns políticos do nosso contexto atual parecem não entender isso e sequer acham que cultura é algo importante).
Enfim, gostei muito dessa parte da matéria, sobretudo, do texto da professora Giuliana Ragusa. Me animei tanto que comprei o livro dela para que eu possa ler mais sobre a poesia mélica. Abraços.

viniciusabreu
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Ao fim da exposição você mencionou a função política da poesia mélica, comentou sobre ela referenciar certos valores e mesmo expressar uma certa ideologia. Uma reflexão que, na verdade, vem sendo traçada também em outras exposições. Acho essas considerações importantes, pois, cabe mencionar, mesmo de um ponto de vista historiográfico, vemos a relevância dessa função ideológica na literatura, como, por exemplo, na criação dos estados nação, das noções de nacionalidade, ou, em outro nível, na manifestação de certas ideologias na construção dos cânones. Bem, voltando a sua exposição, me pareceram muito claros os motivos para essa poesia expressar certos valores ligados à aristocracia, desde as ocasiões de performance a questão de “vender o canto”, o que, tendo em vista as outras aulas, não é uma especificidade dela. Interessante como os valores se revelam também nos elementos formais e de performance, como, por exemplo, na organização do coro, onde mulheres não poderiam desempenhar a função de corego de um coro masculino.

Obrigado pela aula!

victorhugomariano
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Aula 11
A aula me fez refletir sobre o quanto essa poesia aproxima-se mais da população helênica. Nas grandes epopeias, ainda que haja a dimensão didática direcionada ao povo, ela focaliza em deuses e heróis, distantes temporal e socialmente. Já a lírica, trata de temas "mundanos", próximos da sociedade, questões políticas, amorosas, de interesse público. A perspectiva da primeira pessoa também possibilita que o ouvinte se coloque na poesia e a aplique em seu contexto. Da mesma forma, o coro presente a poesia mélica coral, reforça a apropriação da população sobre aquilo que era cantado, proclamando nomes comuns e não míticos nos partênios.

luisarocha
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Bom dia!

Excelente exposição, sobre poesia Mélica-coral e monódica, durante o vídeo houve dois pontos que chamaram-me muito a atenção.
Primeiro, a poesia como ação, acho muito bonito e interessante enxergar a poesia desta forma, levando em consideração que foi uma prática da antiguidade e para nós hoje é bastante abstrata. Posso estar equivocada e fazendo relações erradas, pois faz tempo que li sobre, mas lembrei de Walter Benjamin, que se não me engano, possui uma ideia do poema como ação.
A segunda observação, é sobre a citação da Ragusa, no momento em que a mesma diz que, muitas vezes quando tentam tirar dados biográficos, é sobre deixar a poesia como documentação histórica e não como um discurso esteticamente elaborado a partir da história. Acredito que, o não acreditar na persona poética dos poemas, já abrange além do período arcaico. Assim, acreditando que esse trecho apesar de ser sobre a poesia arcaica, pode ir além deste período, como por exemplo, a Elegia Erótica Romana.

gabriellygeisler
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Aula 11:

Ler os poemas de Álcman e Anacreonte é uma experiência enriquecedora. Em primeiro lugar, reconheço que, às vezes, ainda tenho certo estranhamento com a leitura fragmentada de diversos trechos, alguns deles extremamente curtos - o que me faz pensar como seria o mundo se lugares como a famosa Biblioteca de Alexandria ainda estivessem devidamente preservados.

Diante disso, fiquei com uma dúvida na cabeça: como está a condição da arqueologia nos últimos anos? Houve alguma descoberta recente que impactou os estudos clássicos? Pergunto isso por curiosidade, porque não sei exatamente como a arqueologia funciona e se existem expectativas por parte desses profissionais de encontrarem novos manuscritos que, até hoje, são considerados perdidos.


Em segundo lugar, agora falando dos poemas propriamente ditos, gostei muito de um verso que está profundamente relacionado com nosso atual caos político, sanitário, econômico e cultural (2020 não é um ano qualquer hahaha):

“Pois eu resguardo na mente o conselho de Anacreonte/De não devermos manter preocupações junto a nós”.

Ao que parece, não há certeza da autoria de Anacreonte para esse verso, porém isso em nada muda sua aplicação prática de que não vale a pena resumir nossos pensamentos às mazelas de nossas existências.

thebrazilianhuguenot
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Flávio Augusto Gomes Rosendo

Dentre as exposições da aula, chamou-me muito a atenção a referência ao aulós como instrumento que acompanhava a performação da poesia mélica. Após as leituras, fiz uma pesquisa adicional sobre o instrumento, cujo resultado, em apertada síntese, compartilho com os Colegas e Professor.
O aulós é tradicional instrumento na cultura grega, conquanto seja menos citado que as liras, supostamente, por serem os instrumentos dos rapsodos. É citado por duas vezes em Ilíada e outras duas vezes por Alcmán, supostamente, por ter vivido na cidade.
Foi inventado no Século IV a.C., por ato atribuído a Apolo ou Atena. Possuía tubos duplos de mesmo tamanho, feitos de ossos (sobretudo das pernas frontais de veados e asnos), junco, bronze ou marfim; todavia, o sono produzido apresentava variações conforme o material utilizado. Possuía, nas extremidades superiores, bulbo onde se encaixavam paletas duplas, por onde passava o sopro do auleta, o que conferia característica anasalada ao som.
Instrumento muito popular em Esparta no Século VII a.C., embora não seja considerado de origem helênica, mas oriundo da Frígia ou da Lídia.
O domínio do aulós postulava muitos anos de prática, sobretudo, no uso da palheta que ia à boca. O somo desejável deveria ser contínuo e sem distorções.
Fonte: Cynthia Sampaio de Gusmão.

Flavio
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Considero bastante pertinente, como foi apresentado, desfazer as confusões de nomenclatura em torno da poesia mélica. Como me lembro de ter abordado em um outro comentário de outra aula, a tripartição hegeliana frequentemente encontrada em diversos discursos especializados na área nunca me foi completamente satisfatória, e me vejo durante a disciplina compreendendo cada vez mais a dimensão heterogênea e riquíssima dos gêneros literários dos gregos antigos. Frisar que esses três gêneros de certo modo idealizados não eram aplicados tais como são descritos é importante para a absorção dos estudos acerca dos gêneros reais que foram posteriormente constatados. É fundamental compreender as figuras de Álcman e Anacreonte que aqui são trabalhadas para que ser feita uma leitura com o nível de aprofundamento que buscamos na disciplina.

barbaraemanuelle
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AULA 11 - As linguás clássicas são o retrato da evolução linguística chegando a atualidade. Mais uma vez é impressionante a contribuição para o que temos hoje de poesia clássica. Fico imaginando um 'simpósio', um banquete. De um lado a oralidade do estilo de linguagem de Alcman, que se servia do seu dom para criar hinos e odes corais. Anacreonte de outro, que cantava nos versos o amor, a embriaguez. E o enredo desses cantos retratando as relações das pessoas, a vida na pólis. Uma forma expressionista de retratar a realidade à época.
"O Musa, vem! Calíope, filha de Zeus,
Inicia versos amáveis, poe desejo
na canção e faz graciosa a dança coral.." Frag 27 - Alcman (Giuliana Ragusa)

sandrarocha
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Aula 9

Bom primeiramente, meus parabéns a linha que o professor vem traçando temporal e histórica onde uma aula é complementada e suscitada por outra o que poderia ficar um pouco pelo ar, na seguinte é sanado, ótimo.

Deveria ser algo muito bonito de se ver um coro em plena atuação com todo seu âmbito ritualístico… Com suas temáticas mais restritas em comparação a mélica monódica; por se tratar da poesia performativa não somente por meio do canto e sim da dança, voz, corpos unidos em coletivo referindo me as jovens moças que declamavam sobre suas especificidades como de fato fosse uma amostragem de si e de suas qualidades equiparadas as estrelas e a belos cisnes e a excêntricos animais sendo a performance em coro, mas com cada uma mantendo a si mesma sua individualidade compondo um todo diverso percebemos aos dizeres de seus nomes que podem ser fictícios ou não, ainda assim chegam aos nossos olhos e ouvidos as descrições dessas belas donzelas.
Me fez refletir sobre o coletivo que faço parte onde há também canto, dança e performances variadas e um âmbito também ritualístico intrínseca em meio as artes executadas pelos membros; somos diversos, mas cada um reluz a si próprio mesmo em grupo, logo visualizar e trazer em mente os corais gregos foi fácil.
Penso também pelo que venho aprendido a cultura que nos chegou é somente dos aristocratas? Não há nada efetuado pelo povo que nos chegou? Ou é o mesmo que ocorreu no renascimento onde uma pequena parcela produziu e difundiu o que era estética e valores do correto e errado? Cultura dos ricos e paras os ricos e abastados de tudo o que podiam ter..
Curioso para observar a transição dos poetas que começam a vender o dom das musas que se vendem a fins políticos específicos e o quão desde a antiguidade já haviam políticos sagazes e visionários ao usarem da arte dos poetas para a difusão de pensamento e para firmações e talvez mudanças de opinião do povo usando da fé e de âmbitos que chegavam as classes dos menos abastados e como sabemos a capacidade que os aedos tinham, imagino que tenha sido uma estratégia muito bem executada e que certamente obtiveram retorno através na cidade.

emersonmaciel
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AULA 11
No momento em que o Rafael comentou sobre o contexto que se dava os cantos dessas virgens, que poderia ocorrer em cultos, eu logo me lembrei de um ritual que é feito na igreja católica com meninas jovens que se chama coroação de Nossa Senhora. Me lembrei disso porque é exatamente da forma como se dava essas apresentações que o professor citou: um grupo de jovens (não havia essa exigência explícita da virgindade, mas creio que eram essas as jovens que participavam por serem todas de idade inferior a 14 anos) cantava e as vezes dançava em homenagem a uma entidade específica, num momento de culto e na presença de espectadores. Isso me fez pensar na semelhança entre as religiões arcaicas e contemporâneas, ainda que entre as duas que eu uso de exemplo nessa exposição exista a diferença do número de divindades que eram cultuadas e uma infinidade de outras coisas que as diferem. Apesar de não ser esse o tema da aula, não poderia deixar de questionar esse fato.
E, sobre a forma que os cantos eram feitos, é interessante a maneira metalinguística que é adotada, já que as moças fazem por várias vezes referências ao ato de cantar e a si mesmas como cantoras.
Outro ponto é a persona poética que é diversas vezes adotada nos poemas que temos estudado. Na aula passada tivemos o exemplo de Sólon que se fez de doido para retomar as investidas contra Sulamita, e aqui temos os exemplos das personagens que são citadas, que podem tanto ser integrantes de fato do coro ou somente um personagem criado para aquele determinado contexto. De toda forma chama atenção a criação dessa persona para poder construir o canto de forma completa, pois, dessa forma a corista tem a possibilidade de cantar sobre situações que ela mesma pode não ter presenciado.

liveasantos
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Antes de tudo, gostaria de ressaltar a complexidade desses poemas. São menores quando comparado a poesia épica, contudo, possuem diversas camadas e referências, que nos apresenta em poucos versos uma grande profundidade. Desse modo, tive dificuldade de compressão sobre o que dizia os fragmentos de Álcman. Desse poeta, me chamou atenção a poesia ser viva, as palavras contemplarem uma ação performática. Outro ponto que, com a leitura e com a aula, me trouxe uma reflexão sobre a semelhança do coro das virgens(como dito, uma espécie de rito de passagem) com a comemoração, quase que obrigatória em nossa cultural atual, do aniversário de 15 anos das meninas. Por mais que estejam em contexto e objetivos diferentes, curiosamente houve a perpetuação desse rito, e sem dúvidas um objeto interessante para um pequeno estudo sobre o porque dessa permanência. Sobre Anacreonte, foi uma leitura mais tranquila. O que me surpreendeu muito foi sua capacidade de síntese e consistência de suas poesias nos epigramas.

juanpedro
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aula 9: A aula apresenta aspectos da poesia mélica, depois chamada de lírica. Algumas características gerais dos poemas: a extensão relativamente curta, variedade métrica, tom reflexivo, expressividade e predomínio de discurso em primeira pessoa. É indicada a necessidade de separar a persona poética da figura biográfica, reconhecendo a poesia como "discurso esteticamente elaborado". O tema do amor e inclusive do homoafetivo são frequentes, é mencionado o exemplo da literatura de Safo. O coro apresentava dimensões musicais, coreográficas e por vezes rituais, podendo ser composto por homens ou mulheres. Nesse aspecto de rituais, foi feita a leitura de um poema apresentado por mulheres virgens e indicada uma analogia com as festas de debutantes da atualidade. É intrigante a permanência desses rituais de apresentação de jovens mulheres até a atualidade.

nadiapaiva
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Aula 11:
Olá, Rafael.

Deixo aqui algumas das minhas percepções da aula e das leituras realizada: As performances da poesia mélica (tanto coral quanto monódica) ocorriam em banquetes e festivais cívico religiosos que também se caracterizavam pelos ritos de passagem que ocorriam neles onde os participantes transacionavam de uma fase de suas vidas para outra, as performances podiam ser acompanhadas pela lira (instrumento de cordas) ou o aulós (instrumento parecido com duas flautas que se conectam). Em Anacreonte as composições eram trabalhadas na primeira pessoa em um tom reflexivo e traziam questões políticas, além de outros temas, aqui o público não ficava totalmente restrito a aristocracia, mas as composições compartilhavam de valores aristocráticos. Em Alcman, assim como em Safo, as performances eram acompanhadas por um coro de meninas virgens de família aristocrática e as composições normalmente tinham um tom erótico e falavam sobre esse grupo. As meninas participavam dos festivais como uma apresentação a sociedade e aos seus futuros esposos e mas letras das composições era comum aparecer seus nomes e descrição da beleza que tinham.

milenacristal
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Sobre a aula 11:

Surpreendi-me bastante com a formação do coro. Estou acostumada a ter contato com a presença dele em textos como as tragédias, então observá-los antes em poesias mélicas foi bem interessante. Imaginava que poderia ter limitações como gênero, pelo caráter da sociedade do período, mas não pensava em outras especificações como idade e a maneira como eram aplicadas, sendo necessárias já que haviam diferentes rituais, festividades e direcionamentos para deuses (como no caso de Ártemis e a necessidade de serem meninas virgens). Fiquei com dúvida se a figura do coro é contínua, apenas sofrendo mudanças para adequar-se aos outros gêneros ou se são criados especificamente para cada gênero, levando o mínimo de outra tradição. Há estudos sobre toda essa trajetória dele?
Outro ponto que achei bem pertinente foi a distinção da figura poética dentro dos poemas, da persona poética criada a partir dos textos poéticos, como também do poeta realmente - do qual não se tem tanto contato -. Ainda que apresentado o estudo como referente aos textos antigos é um debate muito atual para os textos de agora. Não somente na produção literária, como artística em geral. É muito comum haver, por exemplo, o debate de que se um artista estaria apaixonado ou passando por um momento difícil pela letra de sua música, assim como choques por vê-lo com um comportamento ou aparência que distinguem do que é apresentado nas telas. Essa dificuldade em separar os três lados ou três personas no campo das artes geram muitas discussões, rumores e equívocos, então sempre é bom estudar a questão, quando se trabalha academicamente, como também quando se tem uma relação leitor/obra/autor; fã/obra/artista etc.

gabrielalira