Aceleração e depressão | Maria Rita Kehl

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Temos fôlego para acompanhar os relógios apressados dos dias de hoje? O tempo dos relógios e calendários continua o mesmo, mas a nossa vida parece mais acelerada. Neste Café Filosófico, a psicanalista Maria Rita Kehl fala da relação entre aceleração e depressão, discutindo as patologias do tempo provocadas em nós pela velocidade acelerada do mundo de hoje.

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Комментарии
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Importante citar que esta palestra foi gravada no dia 24 de junho de 2009, e mesmo após 13 anos segue atualíssima.

emersondemathias
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Eu poderia ficar horas escutando mais sobre o que ela tem a falar.

fabriciorampazzo
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"O pior ja passou. Foram os melhores momentos da minha vida. " Concordo. As tensões nos fazem crescer e se auto conhecer.

lucianaarantes
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Hoje é bonito, chique dizer que não tem tempo para um telefonema, uma conversa boba com amigos... Conheço pessoas que não fazem nada, e para seguir a onda do modismo está sempre se dizendo sem tempo, correndo.. É muito interessante observar esse novo jeito de ser. As pessoas que dizem ter tempo são vistas com certa desconfiança. Há até poucos séculos(?) O bacana era ter todo os dias livres de compromissos trabalhistas, só rico vivia assim, hj é o contrário!!!

julianacamposvictor
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40:06 isso aqui foi um tiro na minha mente. Sou publicitário e é exatamente desse jeito, e talvez seja por isso que sou assim, estressado e com muitas coisas que parecem coisas de depressão, não gostar de viver, raiva, etc.

já desenvolvi TAG, mas acredito que tenha mais coisa. Chega chorei ao ouvir, ela foi certeira! E talvez por isso que bate na minha cabeça em trocar de área, publicidade faz um mal horrível.

o_o
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Maria Rita! Estou assistindo dia 30/12/23!
Coo você é tão necessária! Sua existência, seu conhecimento!

Celi-cr
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"Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.

A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma."

carlasalvador
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Passaria o dia escutando a Maria Rita Kehl, ela é uma mulher fantástica.

eduvideos
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Assisto essa palestra pelo menos 1 vez por ano, desde que a conheci. Fundamental. Basilar!

folheandolivros
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Conheci hoje a Maria Rita Kehl 02/2024, justo no dia que tive um insede sobre fazer uma faculdade de psicologia. Maria obrigado pelas palavras vc é luz.

rafa
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O presente é o único momento em que se pode viver.

celsoschneider
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"Ceder na vida o nosso desejo, produz depressão."


Perfeito!

o_o
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Psicanálise e marxismo sempre rende muita reflexão❤

volmircardosopereira
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O depressivo pode se sentir extremamente diminuido diante dos problemas e desafios da vida. Não encontra ajuda e não tem forças para reagir. Perde os vinculos com as pessoas e o mundo, nos casos extremos apela para o suicídio.

terciocamargojuniorcamargo
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Foi a melhor fala sobre depressão que eu já ouvi! ❤

jessicaserrab
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Estou em fase de desaceleração e destralhe mental e material. Essa palestra é simplesmente muito boa. Assistirei mais vezes.

name
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A senhora é fantástica sem ser prolixa. Parabéns.

elisabethbernardo
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Agora vi o vídeo completo. Que palavras maravilhosas. É exatamente isso. Tento explicar para minha família esse vazio do presente. Parece que estou divagando. Eles não entendem. Eu podia ser psicanalista, mas não, é só depressão. A necessidade de verbalizar é uma defesa minha, uma tentativa de criar fantasia. " A cura pela palavra."

stephaniecunha
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Que maravilha escutar alguém falar de um assunto tão sério de forma séria e responsável. É enfadonho escutarmos receitas milagrosas, simplórias, cheias de clichês e mandamentos. Parabéns professora!!❤

dacilenepinto
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quanta riqueza. quanta, quanta, quanta!

pra complementar: José Larrosa Bondia tem um ensaio excelente sobre o saber da experiência. Se puder, procurem!

Beladonawoods
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