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AVÔHAI (letra e vídeo) com ZÉ RAMALHO, vídeo MOACIR SILVEIRA

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Uma das mais belas composições de Zé Ramalho surgiu durante uma experiência alucinógena deste que é um dos maiores talentos de nossa MPB.
Uma música recheada de “mensagens” – de um misticismo sincrético, marca uma história pessoal e familiar.
“Avôhai” é sem dúvida, a música mais expressiva de Zé Ramalho, a que talvez mais o identifique, muito embora musicalmente não seja a mais rica de seu vasto repertório. O título remete obviamente as figuras do avô e pai do compositor. A inspiração lhe veio durante uma experiência com cogumelos alucinógenos, como ele mesmo revelou. Durante a beberagem ele diz que escutava uma voz dizendo: “Avôhai, Avôhai”. A droga acabou funcionando como uma terapia ou associação livre de ideias por onde o autor revive sua particular experiência de vida, num processo de catarse e de revelações sobre si mesmo.
Decorridos alguns dias após o uso dos cogumelos lhe veio a inspiração da letra. “Ela chegou de uma vez. (...) Peguei papel e caneta e fiz a letra muito rápido, tudo chegava em turbilhão. Foi a única vez que isso aconteceu, uma forte e intensa experiência espiritual. Muito estranho... totalmente mediúnica. Como o velho Billy (William Shakespeare) dizia, ‘há muito mais coisas entre o céu e a terra do que podemos imaginar’. Havia muita coisa de (Boby) Dylan pairando em minha cabeça. Eu ouvi como se fosse a voz dele. Quando fiz a letra, já sabia dos movimentos musicais; quando estava escrevendo, já sabia das passagens todas. A letra chegou junto com a melodia, e descreve minha experiência”, diz Zé Ramalho.
“ ‘O brejo cruza a poeira’ é a minha origem, o lugar onde nasci, de onde vim. A cidade de Brejo da Cruz situa-se no spóe da chamada ‘pedra de turmalina’ (...) ‘O brejo cruza a poeira’ é uma referência ao êxodo realizado quando abandonamos a cidade e nos dirigimos a Campina Grande. (...) Essa poeira que cruzamos representa a saída, a passagem de uma condição para outra, a partida definitiva do Brejo. Eu tinha uns 5 anos de idade. Tudo ficou pra trás: as brincadeiras com os meninos, como bonecos de barro – cavalinhos e boizinhos – correr atrás de bode no meio da rua. (...) O terreiro da usina é uma referência a um local existente na cidade, onde eu brincava em minha infância”, acrescenta ele.
“Avôhai é a junção da trindade avô, pai e filho. É também a Santíssima Trindade, e a continuidade da espécia. Mas foi tudo inspirado pela figura de meu avô, que me ensinou a amar a natureza a não maltratar os animais, a levar uma vida reta. (...) ‘a companheira que nunca dormia só’ é a solidão. A porteira da letra é uma referência à Porteira do Tendó, uma enorme gruta onde meu avô me levava no horário do por do sol e de onde saíam milhares de morcegos em busca de alimento, fazendo um barulho impressionante. Aquilo me fascinava e me assombrava ao mesmo tempo”.
“Avôhai” reúne todas as informações do universo dos violeiros e repentistas, da literatura de cordel e entra como balada, como Dylan, como Pink Floyd”. É uma música-síntese. (in JORNAL OPÇÃO, edição 2002 de 17 a 23 de novembro de 2013, por Euler de França Belém).
AVÔHAI
De: Zé Ramalho
Um velho cruza a soleira
De botas longas, de barbas longas
De ouro o brilho do seu colar
Na laje fria onde quarava
Sua camisa e seu alforje
De caçador...
Oh! Meu velho e Invisível
Avôhai!
Oh! Meu velho e Indivisível
Avôhai!
Neblina turva e brilhante
Em meu cérebro coágulos de sol
Amanita matutina
E que transparente cortina
Ao meu redor...
E se eu disser
Que é meio sabido
Você diz que é meio pior
Mas e pior do que planeta
Quando perde o girassol...
É o terço de brilhante
Nos dedos de minha avó
E nunca mais eu tive medo
Da porteira
Nem também da companheira
Que nunca dormia só...
Avôhai!
Avôhai!
Avôhai!
O brejo cruza a poeira
De fato existe
Um tom mais leve
Na palidez desse pessoal
Pares de olhos tão profundos
Que amargam as pessoas
Que fitar...
Mas que bebem sua vida
Sua alma na altura que mandar
São os olhos, são as asas
Cabelos de Avôhai...
Na pedra de turmalina
E no terreiro da usina
Eu me criei
Voava de madrugada
E na cratera condenada
Eu me calei
E se eu calei foi de tristeza
Você cala por calar
Mas e calado vai ficando
Só fala quando eu mandar...
Rebuscando a consciência
Com medo de viajar
Até o meio da cabeça do cometa
Girando na carrapeta
No jogo de improvisar
Entrecortando
Eu sigo dentro a linha reta
Eu tenho a palavra certa
Prá doutor não reclamar...
Avôhai! Avôhai!
Avôhai! Avôhai!
Uma música recheada de “mensagens” – de um misticismo sincrético, marca uma história pessoal e familiar.
“Avôhai” é sem dúvida, a música mais expressiva de Zé Ramalho, a que talvez mais o identifique, muito embora musicalmente não seja a mais rica de seu vasto repertório. O título remete obviamente as figuras do avô e pai do compositor. A inspiração lhe veio durante uma experiência com cogumelos alucinógenos, como ele mesmo revelou. Durante a beberagem ele diz que escutava uma voz dizendo: “Avôhai, Avôhai”. A droga acabou funcionando como uma terapia ou associação livre de ideias por onde o autor revive sua particular experiência de vida, num processo de catarse e de revelações sobre si mesmo.
Decorridos alguns dias após o uso dos cogumelos lhe veio a inspiração da letra. “Ela chegou de uma vez. (...) Peguei papel e caneta e fiz a letra muito rápido, tudo chegava em turbilhão. Foi a única vez que isso aconteceu, uma forte e intensa experiência espiritual. Muito estranho... totalmente mediúnica. Como o velho Billy (William Shakespeare) dizia, ‘há muito mais coisas entre o céu e a terra do que podemos imaginar’. Havia muita coisa de (Boby) Dylan pairando em minha cabeça. Eu ouvi como se fosse a voz dele. Quando fiz a letra, já sabia dos movimentos musicais; quando estava escrevendo, já sabia das passagens todas. A letra chegou junto com a melodia, e descreve minha experiência”, diz Zé Ramalho.
“ ‘O brejo cruza a poeira’ é a minha origem, o lugar onde nasci, de onde vim. A cidade de Brejo da Cruz situa-se no spóe da chamada ‘pedra de turmalina’ (...) ‘O brejo cruza a poeira’ é uma referência ao êxodo realizado quando abandonamos a cidade e nos dirigimos a Campina Grande. (...) Essa poeira que cruzamos representa a saída, a passagem de uma condição para outra, a partida definitiva do Brejo. Eu tinha uns 5 anos de idade. Tudo ficou pra trás: as brincadeiras com os meninos, como bonecos de barro – cavalinhos e boizinhos – correr atrás de bode no meio da rua. (...) O terreiro da usina é uma referência a um local existente na cidade, onde eu brincava em minha infância”, acrescenta ele.
“Avôhai é a junção da trindade avô, pai e filho. É também a Santíssima Trindade, e a continuidade da espécia. Mas foi tudo inspirado pela figura de meu avô, que me ensinou a amar a natureza a não maltratar os animais, a levar uma vida reta. (...) ‘a companheira que nunca dormia só’ é a solidão. A porteira da letra é uma referência à Porteira do Tendó, uma enorme gruta onde meu avô me levava no horário do por do sol e de onde saíam milhares de morcegos em busca de alimento, fazendo um barulho impressionante. Aquilo me fascinava e me assombrava ao mesmo tempo”.
“Avôhai” reúne todas as informações do universo dos violeiros e repentistas, da literatura de cordel e entra como balada, como Dylan, como Pink Floyd”. É uma música-síntese. (in JORNAL OPÇÃO, edição 2002 de 17 a 23 de novembro de 2013, por Euler de França Belém).
AVÔHAI
De: Zé Ramalho
Um velho cruza a soleira
De botas longas, de barbas longas
De ouro o brilho do seu colar
Na laje fria onde quarava
Sua camisa e seu alforje
De caçador...
Oh! Meu velho e Invisível
Avôhai!
Oh! Meu velho e Indivisível
Avôhai!
Neblina turva e brilhante
Em meu cérebro coágulos de sol
Amanita matutina
E que transparente cortina
Ao meu redor...
E se eu disser
Que é meio sabido
Você diz que é meio pior
Mas e pior do que planeta
Quando perde o girassol...
É o terço de brilhante
Nos dedos de minha avó
E nunca mais eu tive medo
Da porteira
Nem também da companheira
Que nunca dormia só...
Avôhai!
Avôhai!
Avôhai!
O brejo cruza a poeira
De fato existe
Um tom mais leve
Na palidez desse pessoal
Pares de olhos tão profundos
Que amargam as pessoas
Que fitar...
Mas que bebem sua vida
Sua alma na altura que mandar
São os olhos, são as asas
Cabelos de Avôhai...
Na pedra de turmalina
E no terreiro da usina
Eu me criei
Voava de madrugada
E na cratera condenada
Eu me calei
E se eu calei foi de tristeza
Você cala por calar
Mas e calado vai ficando
Só fala quando eu mandar...
Rebuscando a consciência
Com medo de viajar
Até o meio da cabeça do cometa
Girando na carrapeta
No jogo de improvisar
Entrecortando
Eu sigo dentro a linha reta
Eu tenho a palavra certa
Prá doutor não reclamar...
Avôhai! Avôhai!
Avôhai! Avôhai!
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