20 de novembro: dia da Consciência Negra!

preview_player
Показать описание
20 de novembro: dia da Consciência Negra!

Os quilombos foram o nosso primeiro grito de liberdade. Palmares foi um importante marco na luta pela terra, pela dignidade e pela vida!

Neste novembro negro trazemos a história de Zumbi dos Palmares, Dandara, Luís Gama, Carlos Marighella, Luisa Mahin e muitos outros lutadores e lutadoras do povo.

Confira o recado da companherada do MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra para esse dia tão especial.

#BomDiaCompanheirada
#NovembroNegro #NegroResiste
Рекомендации по теме
Комментарии
Автор

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA: ZUMBI NÃO TINHA ESCRAVOS

Contrariamente às palavras de Leandro Narloch, autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, responsável pela disseminação da ideia de Zumbi como escravizador, seja dito que, em verdade, ZUMBI NÃO TINHA ESCRAVOS. Vejamos algumas palavras de Narloch:

“Para obter escravos, os quilombolas faziam pequenos ataques a povoados próximos.‘Os escravos que, por sua própria indústria e valor, conseguiam chegar aos Palmares, eram considerados livres, mas os escravos raptados ou trazidos à força das vilas vizinhas continuavam escravos’, afirma Edison Carneiro no livro O Quilombo dos Palmares, de 1947”. (Narloch, Guia Politicamente Incorreto da Historia do Brasil)

Esse é um dos principais pontos do livro tentando defender a ideia de Zumbi como senhor de escravos. Para começar o exame desse trecho, onde Narloch se utiliza das palavras de um historiador e pesquisador da temática africana e escravidão, Edison Carneiro, é preciso deixar nítido algo muito simples, mas que passa desapercebido aos olhos de alguns:

Edison Carneiro não fala de Zumbi, ele refere-se, nesse trecho, ao Quilombo dos Palmares.

Apesar de Zumbi dos Palmares ser abordado na obra de Carneiro, nessa parte do livro o estudioso das questões africanas no Brasil não toca no nome do líder Zumbi. Em verdade seria impossível até para Carneiro falar do mesmo porque, seja dito, a fonte dessa informação de Carneiro é uma obra publicada antes dos nascimento de Zumbi dos Palmares. A obra a qual estamos nos referindo, contendo essa informação, trata-se do livro cujo nome é O Brasil Holandês, escrito por Gaspar Barléu e publicado em 20 de abril de 1647.

Nessa obra Gaspar Barléu escreve sobre diversos aspectos do Brasil em relação à terra, clima, geografia, costumes, cultura e a constituição do povo da época, entre os quais os negros e o Quilombo de Palmares. Sendo narrado os feitos do conde Mauricio de Nasau na época dos seus anos de governo no Brasil, com Gaspar Barléu encarregado de escrever sobre o trabalho o qual foi publicado, como dito, em 1647.

Ocorre que na data da publicação da obra de Barléu, o líder negro Zumbi não havia nem ao menos nascido. Palmares evidentemente já existia, mas o grande líder negro não. Assim, além de Edson Carneiro não mencionar, no trecho supracitado, o nome de Zumbi, o mesmo escritor se baseou nas informações de um livro publicado antes de surgir Zumbi dos Palmares. Vejamos as palavras usadas nesse antigo livro- O Brasil Holandês- ao se referir à Palmares para compararmos com as de Edson Carneiro:

"Qualquer escravo que leva de outro lugar um negro cativo fica alforriado; mas consideram-se emancipados todos quantos espontaneamente querem ser recebidos na sociedade." (O Brasil Holandês, Gaspar Barléu)
Enquanto Edson Carneiro diz as mesmas coisas, mas com outras palavras:

"Os escravos que, por sua própria indústria e valor, conseguiam chegar aos Palmares, eram considerados livres, mas os escravos raptados ou trazidos à força das vilas vizinhas continuavam escravos" (O Quilombo dos Palmares, Edson Carneiro)

Ou seja, como já foi dito, a fonte de Edson Carneiro é um livro escrito em 1647; enquanto o próprio Zumbi, segundo consta, veio a nascer somente anos depois, entorno de 1655. Havendo, dessa modo, uma diferença de oitos anos entre um e outro, cometendo-se um anacronismo ao tomar como fonte a informação duma obra a qual, por sua vez, baseou-se num texto anterior ao nascimento do líder negro.
Como, então, atribuir a Zumbi algo dito por um livro escrito antes dele nascer e que se refere apenas à eventos de sua própria época e publicação? Tal raciocínio é nitidamente ilógico, sendo impossível admitir como certo um Zumbi escravizador pelos motivos já explicados.

O erro de Leandro Narloch está em ter adotado os estudos mais recentes sobre Zumbi, repetindo e fazendo conjecturas sem se preocupar em analisar as fontes primárias- ele próprio afirma esse procedimento como poderemos ver até o final desse trabalho.

candeirobr