Olá alunos, vocês já assistiram ao filme laranja mecânica?

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Olá alunos, vocês já assistiram ao filme laranja mecânica?



Fonte: Adorocinema, 2024.

O filme, passa-se no futuro, e conta a história do agressivo Alex (Malcolm McDowell), chefe de um grupo de jovens delinquentes que cometem homicídios, roubos e estupros, o qual é capturado pela polícia. Deti-do, a ele é oferecida a chance de participar de um programa que pode diminuir sua sentença. Alex se torna um sujeito de testes projetados para inibir os impulsos destrutivos humanos, mas acaba incapaz de enfren-tar a violência que o rodeia.

Após a leitura breve da sinopse, leia o trecho abaixo, extraído do artigo

Reality game: violência contemporânea e desnaturação da linguagem.

Em Laranja mecânica há uma forma de violência lúdica à qual cabe denominar reality game, híbrido de reality show e videogame. A graça toda do reality game, cuja tradução é brincadeira de verdade, é brin-car duplamente com a ambiguidade entre a coisa e sua representação. O ataque, a violência, é uma brinca-deira, mas é de verdade. A vítima escolhida é um símbolo, mas é a coisa simbolizada.
No filme, os adolescentes batizam sua brincadeira de “ultraviolência”. Em que consiste a brincadeira? Primeiro, tomam o seu leite aditivado. Quando estão no ponto, saem pela noite para brincar de atacar as pessoas. Há um critério na escolha das vítimas: são pessoas que representam, que simbolizam, uma socie-dade e valores em vias de desaparecer. Mas ao mesmo tempo são de verdade: gente de carne e osso que vive e pratica em seu dia-a-dia esses valores.
Estamos a léguas da situação clássica em que uma criança usa sua massinha para criar peões que represen-tam algum personagem odiado, para depois destruí-los, expressando assim a sua violência. Não adiantaria a Alex queimar a partitura da música tradicional irlandesa. É preciso atacar a pessoa que a está cantando. A representação só vale para o psiquismo se ela também for a própria coisa. Aqui o peão do jogo tem que ser de carne e osso. Embora a representação tenha, tradicionalmente, a função de estar no lugar da realida-de, no mundo contemporâneo, em que a representação é frágil, a realidade é chamada a dar sustentação à representação.
O que aconteceu com o brincar? Retomemos uma das cenas mais chocantes do filme. Percebemos que Alex esmaga a cabeça da dona do spa, tal como a criança esmaga a massinha que representa a mãe odiada. A criança sabe que a massinha não é a mãe. Ela é capaz de fazer o trabalho do negativo, conceito de Green (1991), que descreve a capacidade psíquica de sustentar a não-percepção do objeto, fazendo o luto por sua ausência. Neste espaço vazio nasce a representação daquilo que não está, presentificando a ausência do objeto para o psiquismo. Ao criar uma mãe de massinha, sabe perfeitamente que está destruindo um sím-bolo, e não a própria coisa.
Há situações em que este conhecimento se perde. Hanna Segal (1957) criou o conceito de equação simbó-lica para descrever a destruição da capacidade de discriminar o símbolo da coisa em pacientes esquizofrê-nicos. Ela observou que, nesses pacientes, a distância entre o símbolo e a coisa se esfuma. O símbolo é tratado como a própria coisa simbolizada. Um de seus pacientes parou de tocar violino porque não podia se masturbar em público. Em suma, o esquizofrênico confunde o símbolo com a coisa simbolizada.
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