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ENTENDENDO A LETRA | CHICO BUARQUE : CONSTRUÇÃO
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***Produção e Apresentação: Marcos de Freitas
#chicobuarque
LINKS/FONTE:
Uma das músicas mais aclamadas, que já foi eleita como a melhor música brasileira de todos os tempos pela revista Rolling Stone e o motivo de tanto sucesso não é segredo pra ninguém.
Ela possui uma montagem rítmica singular, letra enigmática e uma crítica social fortíssima e, apesar de ter sido composta na década de 70, ainda hoje faz muito sentido. Estou falando de Construcao de Chico Buarque de Holanda.
O disco que traz a música Construção foi composto enquanto Chico Buarque vivia fora do Brasil por causa da ditadura militar. De volta ao país, ele chegou pronto para lançar um dos trabalhos mais críticos e conceituais de toda sua história.
Amou daquela vez...
A música começa com o início do dia do trabalhador, que se despede de sua mulher e de seus filhos e sai de casa.
Subiu a construção ...
Chegando ao trabalho na construção, o homem sobe e começa a trabalhar como se fosse máquina. Essa afirmação pode significar duas coisas: ele trabalhava de maneira mecânica, repetindo movimentos já treinados.
Ou, em outra explicação, ele era desumanizado e trabalhava em condições precárias, fazendo um trabalho mais pesado do que o corpo humano é capaz de suportar.
A palavra embotado significa algo que perdeu a energia, o vigor ou a sensibilidade. Em seus olhos embotados de cimento e lágrima podemos entender que a rotina sofrida fez com que o olhar do homem perdesse a vivacidade.
Sentou pra descansar...
No meio de um dia de semana, ele parou para descansar como se fosse sábado, sem se importar com o fato de ter que trabalhar.
Comeu e bebeu o que tinha como se fossem as melhores coisas do mundo (e como se fizessem ele se sentir melhor do que era). No fim, ficou bêbado, dançou e riu como se tivesse algum motivo para se alegrar.
E tropeçou ...
Por acidente, ele tropeça e cai, como se fosse um bêbado e não um trabalhador. No fim, ele cai na contramão, ou seja, no lugar errado, e tudo o que faz é atrapalhar.
Segunda parte: a substituição das últimas palavras
A segunda parte da música repete exatamente a mesma estrutura da primeira, alterando apenas as últimas palavras de cada verso. Apesar da mudança parecer pequena, o sentido fica bem diferente.
Amou daquela vez...
Ao contrário da parte anterior, nessa versão o homem já sai de casa um pouco bêbado. As palavras alteradas fazem com que o personagem pareça mais despreocupado e até irresponsável.
Subiu a construção...
Ele sobe a construção e trabalha de forma rápida, quase como mágica, apenas seguindo a lógica que já conhece. Enquanto isso, seus olhos se dividem entre o cimento e o trânsito.
Sentou pra descansar...
De certa forma, a segunda parte da música trata o caso com menos seriedade que a primeira. Já sabemos que talvez essa não fosse a intenção de Chico, mas os versos com as palavras trocadas parecem colocar mais culpa na vítima.
Terceira parte: resumo e mais palavras trocadas
Por fim, na terceira vez a história é resumida, com dez versos a menos e novamente com as palavras finais trocadas.
Amou daquela...
Os dois últimos versos dessa parte são os mais cruéis da história, resumindo o homem a alguém que, por irresponsabilidade, caiu no meio da rua e atrapalhou o dia dos outros.
Por outro lado, esse resumo também pode ser visto como uma forma de tornar a história mais impessoal e generalizar a situação.
Quarta parte: estrofes de Deus Lhe Pague
Por fim, Chico termina Construção com três estrofes emprestadas de outra música, Deus Lhe Pague. Nesse contexto, a segunda música parece entrar como uma resposta do trabalhador que acabou de morrer a quem o culpou por atrapalhar o sábado.
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Essa parte é uma ironia, em que o narrador agradece por aquilo que é seu por direito, e até pelas coisas ruins que ele tem que suportar no dia a dia.
Construção conta a história de um homem que sofre um acidente durante o trabalho. Em quatro momentos distintos, a narrativa nos permite entender passo a passo o que aconteceu durante o dia do trabalhador até a tragédia final.
Existem várias teorias que tentam explicar o significado da música, principalmente pelo modo como ela foi organizada.
(...)
***Produção e Apresentação: Marcos de Freitas
#chicobuarque
LINKS/FONTE:
Uma das músicas mais aclamadas, que já foi eleita como a melhor música brasileira de todos os tempos pela revista Rolling Stone e o motivo de tanto sucesso não é segredo pra ninguém.
Ela possui uma montagem rítmica singular, letra enigmática e uma crítica social fortíssima e, apesar de ter sido composta na década de 70, ainda hoje faz muito sentido. Estou falando de Construcao de Chico Buarque de Holanda.
O disco que traz a música Construção foi composto enquanto Chico Buarque vivia fora do Brasil por causa da ditadura militar. De volta ao país, ele chegou pronto para lançar um dos trabalhos mais críticos e conceituais de toda sua história.
Amou daquela vez...
A música começa com o início do dia do trabalhador, que se despede de sua mulher e de seus filhos e sai de casa.
Subiu a construção ...
Chegando ao trabalho na construção, o homem sobe e começa a trabalhar como se fosse máquina. Essa afirmação pode significar duas coisas: ele trabalhava de maneira mecânica, repetindo movimentos já treinados.
Ou, em outra explicação, ele era desumanizado e trabalhava em condições precárias, fazendo um trabalho mais pesado do que o corpo humano é capaz de suportar.
A palavra embotado significa algo que perdeu a energia, o vigor ou a sensibilidade. Em seus olhos embotados de cimento e lágrima podemos entender que a rotina sofrida fez com que o olhar do homem perdesse a vivacidade.
Sentou pra descansar...
No meio de um dia de semana, ele parou para descansar como se fosse sábado, sem se importar com o fato de ter que trabalhar.
Comeu e bebeu o que tinha como se fossem as melhores coisas do mundo (e como se fizessem ele se sentir melhor do que era). No fim, ficou bêbado, dançou e riu como se tivesse algum motivo para se alegrar.
E tropeçou ...
Por acidente, ele tropeça e cai, como se fosse um bêbado e não um trabalhador. No fim, ele cai na contramão, ou seja, no lugar errado, e tudo o que faz é atrapalhar.
Segunda parte: a substituição das últimas palavras
A segunda parte da música repete exatamente a mesma estrutura da primeira, alterando apenas as últimas palavras de cada verso. Apesar da mudança parecer pequena, o sentido fica bem diferente.
Amou daquela vez...
Ao contrário da parte anterior, nessa versão o homem já sai de casa um pouco bêbado. As palavras alteradas fazem com que o personagem pareça mais despreocupado e até irresponsável.
Subiu a construção...
Ele sobe a construção e trabalha de forma rápida, quase como mágica, apenas seguindo a lógica que já conhece. Enquanto isso, seus olhos se dividem entre o cimento e o trânsito.
Sentou pra descansar...
De certa forma, a segunda parte da música trata o caso com menos seriedade que a primeira. Já sabemos que talvez essa não fosse a intenção de Chico, mas os versos com as palavras trocadas parecem colocar mais culpa na vítima.
Terceira parte: resumo e mais palavras trocadas
Por fim, na terceira vez a história é resumida, com dez versos a menos e novamente com as palavras finais trocadas.
Amou daquela...
Os dois últimos versos dessa parte são os mais cruéis da história, resumindo o homem a alguém que, por irresponsabilidade, caiu no meio da rua e atrapalhou o dia dos outros.
Por outro lado, esse resumo também pode ser visto como uma forma de tornar a história mais impessoal e generalizar a situação.
Quarta parte: estrofes de Deus Lhe Pague
Por fim, Chico termina Construção com três estrofes emprestadas de outra música, Deus Lhe Pague. Nesse contexto, a segunda música parece entrar como uma resposta do trabalhador que acabou de morrer a quem o culpou por atrapalhar o sábado.
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Essa parte é uma ironia, em que o narrador agradece por aquilo que é seu por direito, e até pelas coisas ruins que ele tem que suportar no dia a dia.
Construção conta a história de um homem que sofre um acidente durante o trabalho. Em quatro momentos distintos, a narrativa nos permite entender passo a passo o que aconteceu durante o dia do trabalhador até a tragédia final.
Existem várias teorias que tentam explicar o significado da música, principalmente pelo modo como ela foi organizada.
(...)
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