Thomas Hobbes e o Leviatã - Prof. Anderson

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Thomas Hobbes
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Thomas Hobbes (1588 – 1679) nasceu na era de ouro elisabetana, mas sua vida adulta foi marcada pelos conflitos entre reis e o parlamento. Ele era crítico da democracia e por conseguinte, da monarquia parlamentar inglesa.
Quando estourou a guerra entre rei e parlamento ele se manteve a favor do rei, e teve que se exilar na França em 1640. Um país onde todo aquele quem quisesse defender o absolutismo era bem vindo.
Hobbes encarou a questão da legitimidade do poder absoluto e da fundamentação da criação do estado em sua grande obra Leviatã, que publicou na França em 1651, dois anos depois da vitória de Cromwell, e quando seu governo ditatorial começava a se consolidar.
Por que deve existir o Estado e de onde vem o seu poder absoluto? Essa é a pergunta central da obra Leviatã. Na França, havia a teoria do direito divino dos reis de governar, mas nosso filósofo era um homem racional demais para abraçar tal teoria. Além de filósofo, ele era também um matemático que admirava a explicação matemática que Galileu dava à realidade. Sua explicação para o poder político estava embasada na nova forma de ver o mundo, oriunda da nova ciência que estava surgindo.
Hobbes inova no pensamento político da época ao defender que a organização social deve ser entendida e explicada não como uma teia de jogo de interesses entre classes sociais diferentes, mas do mesmo modo como a ciência explica o movimento dos corpos através de suas relações de causa e efeito, tendo como princípio básico o entendimento do movimento como um fenômeno natural. Filosofia, para ele, era física dos corpos.

Estado de Natureza

Para descobrir o fundamento do Estado e de seu poder soberano, absoluto, Hobbes não faz uma investigação histórica sobre as primeiras sociedades.
Tal como na ciência ele começa com uma hipótese, a de que os homens viviam inicialmente isolados, livres e iguais, em um estado anterior à sociedade, no qual tudo era possível, não existiam leis e muito menos justiça, onde havia a pura e simples barbárie, um estado de guerra de todos contra todos a que ele chamou de Estado de Natureza. O homem é o lobo do próprio homem.
Hobbes parte de uma concepção de natureza humana para fundamentar o poder político. Como Galileu na física, no campo da política, ele também começa contrariando Aristóteles, sustentando que o homem não é naturalmente sociável, não é um animal político.
Ele é um ser malvado por natureza, que precisa de um poder superior ao seu para frear seus instintos naturais de destruição. Segundo esse filósofo, nesse estado, o homem possuía o direito natural à vida, e à liberdade, que consistia em usar seu poder para fazer tudo o que quisesse para preservar sua vida, ou seja, de se autogovernar como quiser.
Mas esse mesma vontade de autoconservação que o impele à guerra, faz o homem querer também viver em paz. O que fazer então?

Contrato Social

Para sair desse estado de guerra, onde os homens podiam usufruir amplamente de sua liberdade para se autogovernar, todos eles devem concordar em renunciar parte desse poder, e transferi-lo a outro homem, ou uma assembleia, a fim de se criar um ente todo poderoso que pudesse acabar com os conflitos.
Esse ente que surge desse contrato feito entre os homens, Hobbes chamou de Leviatã, um monstro marinho citado na bíblia, no livro de Jó.
Veja que o poder do Estado, ou seja, sua soberania, advém não mais do direito divino do rei, mas do pacto feito entre os cidadãos de renunciar parte do seu poder de governar-se.

Estado e Sociedade civil

Perceba que o homem só consegue viver em sociedade, para Hobbes, quando cria o Estado. Portanto, diferentemente dos gregos que viviam numa instituição que era o reflexo do seu instinto natural de sociabilidade (pólis), o Estado é um ente criado artificialmente para que os homens consigam viver em sociedade.
A sociabilidade humana é algo criado e não natural.
E qual seria a forma de governo que deveria assumir o Estado? Hobbes defendia a monarquia. Ele acreditava que a guerra civil na Inglaterra aconteceu porque o poder soberano estava dividido entre o rei e o parlamento.
Dessa forma, a melhor maneira de se manter um bom governo seria concentrando todas as forças nas mãos de uma só pessoa, para que essa pudesse manter a ordem e evitar a guerra por meio da força. Não é à toa que o Estado está segurando uma espada na figura acima. Por causa disso, muitos de seus amigos o viram como defensor do governo de Cromwell.
A função principal do estado, portanto, é garantir a vida e a segurança de seus cidadãos. Quando ele não consegue garantir tais direitos a um indivíduo, a subordinação acaba, mas somente entre o estado e aquele cidadão em específico.
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Комментарии
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Excelente aula prof. Anderson. Sua didática é impecável. É praticamente impossível não aprender filosofia e ciência política com as suas aulas, cujos resumos conseguem entregar uma visão profunda de cada tema apresentado. ❤

fidelcastropereira
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ESTAVA PERDIDA, FILOSOFIA NUNCA FOI MEU FORTE, AGORA NA FACULDADE ME DEPAREI COM A DISCIPLINA, E ESTAVA COM MEDO DA PROVA, POIS NÃO ESTAVA ENTENDENDO, O DIAGRAMA JUNTAMENTE COM A EXPLICAÇÃO, ILUMINARAM MINHA MENTE, EU QUE ODIAVA, JÁ ESTOU ATÉ GOSTANDO, GRATIDÃO!

heloBBrh
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Nicolau Maquiavel, Thomas Hobbes e Carl Schmitt representam uma filosofia brutal Na pós-graduação em Ética e Filosofia Política, estou revisitando todos esses ícones de novo. Nada como uma boa leitura! Nunca me canso de rabiscar meus livros e de rever as produções intelectuais desses grandes pilares da filosofia política, entre outros. Muito bom!

jaiandersonsilva
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Filosofia e política requer muita atenção e às vezes é até cansativo, mas gostei muito da sua didática e como aborda o conteúdo de forma clara e com expressões, isso ajuda muito e deixa todo o conteúdo menos chato. Parabéns!

zerocalistenia
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Sempre feliz a aprender; conhecendo o passado para compreender o presente. Parabéns, professor!

charlesalexandre
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Esse chiado nas transições das imagens ficou irritante. No mais, ótima aula como sempre!

peligeiro
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O que me confunde em Hobbes é a idéia de defender uma monarquia absolutista, que até entendo que ele pense que de outra forma os conflitos teriam continuidade a nível de estado, quando ele mesmo fala da condição do homem de ser movido por suas paixões. O absolutismo, representado por um homem com todo o poder nas mãos, não teria risco maior de representar o interesse desse unico indivíduo em detrimento de todos dada a sua própria natureza de homem?

Indymaria
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O grande Freud, prfdofundo conhecedor da alma humanda disse algo semelhante, em resumo "A organização em uma civilização requer renúncias pulsionais. Como explicação, mostrou que toda “a cultura totêmica baseia-se nas restrições que eles tiveram que impor uns aos outros, a fim de preservar o estado das coisas” [2]. Assim, afirma que “o homem civilizado trocou um tanto de felicidade por um tanto de segurança”[3], sendo o sentimento citado “algo inteiramente subjetivo”[4]. Por essa razão, considera difícil julgar se os sujeitos de épocas anteriores foram mais ou menos felizes, assim como identificar que papel suas condições culturais desempenharam nisto."

umfilhodedeustotalmenteama
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Muito Precisava fazer um fichamento e sua aula me ajudou demais. 😊

Daniel-jgjd
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Professor fala, sobre o estoicismo por favor

ricardo
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Aula incrível, mas esse barulho nas transições das imagens me deu uma aflição que não consegui assistir de fone 🤦‍♀

caroline.barbosa
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a sua aula é muito boa professor. compartilhei com todos os meus amigos. faço graduação de direito, sempre vejo seus vídeos.

vitoria-tltg
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Gostei dos seus vídeos, é bem didático e explicativo, bons resumos.

brunadejesus
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Professor, poderia discorrer sobre a pessoa e a obra de Soren Kirkgard?!

viniciusfreitasdasilva
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Aula ótima, este ruído é que atrapalha.

msrj.
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Poderia fazer um vídeo sobre Proudhon, professor?

grimreaper
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Professor, seria legal uma aula comparando o mundo idealizado pelo leviatã versus o neoliberalismo atual

leviata
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De onde é o professor? A parte do "leso" pareceu coisa de cearense...rsrs

Indymaria
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Parabéns e obrigado pela aula. Mas esse som de "xiado" qnd entram as imagens enquanto você fala é horrível. Atrapalha bastante, torna irritante o vídeo.

fefri
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Que droga o que esses filósofos modernos teorizaram e implementaram na sociedade. Cedemos parte de nossa liberdade para o Estado e olha o que virou...

jotape_rodrigues
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