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MARCELO RIDENTI: O QUE É GUERRA CULTURAL? - 20 Minutos Entrevista
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MARCELO RIDENTI: O QUE É GUERRA CULTURAL? - 20 Minutos Entrevista
O professor titular de sociologia da Unicamp Marcelo Ridenti explicou no programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (10/10), com o jornalista Breno Altman, o conceito de guerra fria cultural, que ampliou para o campo simbólico a Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética e os conflitos no mundo pós-Segunda Guerra Mundial, na disputa entre os modos de vida capitalista e comunista. “No campo simbólico, e essa é a ideia da guerra fria cultural, as guerras não se travam só com armas, mas também na disputa simbólica, para ganhar corações e mentes de um lado ou de outro”, afirma.
Para o sociólogo, no momento atual do Brasil e do mundo, a eficácia da extrema direita reside em catalisar ódios e ressentimentos contra injustiças que são reais e concretas. Nesse contexto, a esquerda, que tradicionalmente criticava o sistema capitalista e a democracia burguesa, é forçada a defender essas instituições ao ver aproximar-se a barbárie de um mundo de destruição e sem cultura. “A extrema direita está aproveitando em todo o mundo o lado antissistêmico. Temos que entender que esse mundo consegue espaço porque está conseguindo catalisar ou agrupar o ódio que as pessoas têm de uma sociedade que, no fundo, é injusta. A esquerda não está sabendo levar isso para um sentido de transformação, de ampliação democrática socializante, e está perdendo para essas falsas ilusões”, argumenta.
Em O Segredo das Senhoras Americanas: Intelectuais, internacionalização e financiamento na guerra fria cultural (ed. Unesp), Ridenti trata da internacionalização cultural comunista e de como pensadores latino-americanos como o chileno Pablo Neruda e o brasileiro Jorge Amado fizeram parte desse processo.
O título do livro se origina de um convênio firmado por mulheres norte-americanas milionárias, a partir do meio empresarial paulista, que enviava anualmente cerca de 80 estudantes para conhecer o modo de vida norte-americano. Do lado de lá, quem recebia os estudantes, muitos deles inclinados à esquerda, era Henry Kissinger, futuro secretário de Estado durante os governos dos republicanos Richard Nixon e Gerard Ford. “Essas senhoras passaram o chapéu com a ideia de não perder as elites intelectuais para o lado soviético ou cubano.” Futuros políticos como Aloysio Nunes Ferreira e Roberto Freire foram alguns desses jovens, conta Ridenti: “Aloysio volta, entra para o grupo de Carlos Marighella, depois foge, vai para Moscou, é uma história rocambolesca. Apoiou o golpe contra Dilma Rousseff, agora apoia a eleição de Lula. A trajetória dessas pessoas é fascinante”.
00:00:00 Abertura
00:04:13 Marcelo Ridenti: a guerra fria cultural
00:21:34 Com a derrota do nazifascismo, movimento comunista assume a vanguarda da guerra cultural
00:23:03 O Congresso Mundial pela Paz como ferramenta principal comunista: as pombas de Picasso
00:26:33 Os personagens do Congresso Mundial pela Paz: Picasso, Chaplin, Caio Prado Jr., Mario Schenberg, Diego Rivera, Frida Kahlo, até FHC
00:30:16 O Congresso Mundial pela Paz articula movimento de massa na Guerra da Coreia
00:34:23 O aparato cultural construído pelo movimento comunista
00:38:18 O movimento comunista internacional e o PCB tinham política cultural estruturada
00:40:29 A política cultural comunista disputa a indústria cultural
00:42:20 O papel do setor judeu do PCB na política cultural
00:47:37 Quando os comunistas começam a perder a guerra cultural para o campo capitalista?
00:49:13 Nikita Kruschev faz relatório secreto denunciando os crimes de Stalin: inflexão da guerra cultural?
00:56:26 A União Soviética vai perdendo hegemonia nos anos 1960, o campo capitalista toma a dianteira na guerra cultural
01:06:19 A guerra cultural atual: uma etapa inteiramente nova?
01:10:15 Por que a extrema direita está na vanguarda da guerra cultural neste momento?
01:14:59 O fim da União Soviética retirou da esquerda um imaginário que lhe dava força?
01:16:55 Existe marxismo cultural?
01:19:30 Esquerda perdeu capacidade ou vontade de ter política cultural?
01:21:41 A mera transferência de prestígio dos artistas para a esquerda nos períodos eleitorais
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O professor titular de sociologia da Unicamp Marcelo Ridenti explicou no programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (10/10), com o jornalista Breno Altman, o conceito de guerra fria cultural, que ampliou para o campo simbólico a Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética e os conflitos no mundo pós-Segunda Guerra Mundial, na disputa entre os modos de vida capitalista e comunista. “No campo simbólico, e essa é a ideia da guerra fria cultural, as guerras não se travam só com armas, mas também na disputa simbólica, para ganhar corações e mentes de um lado ou de outro”, afirma.
Para o sociólogo, no momento atual do Brasil e do mundo, a eficácia da extrema direita reside em catalisar ódios e ressentimentos contra injustiças que são reais e concretas. Nesse contexto, a esquerda, que tradicionalmente criticava o sistema capitalista e a democracia burguesa, é forçada a defender essas instituições ao ver aproximar-se a barbárie de um mundo de destruição e sem cultura. “A extrema direita está aproveitando em todo o mundo o lado antissistêmico. Temos que entender que esse mundo consegue espaço porque está conseguindo catalisar ou agrupar o ódio que as pessoas têm de uma sociedade que, no fundo, é injusta. A esquerda não está sabendo levar isso para um sentido de transformação, de ampliação democrática socializante, e está perdendo para essas falsas ilusões”, argumenta.
Em O Segredo das Senhoras Americanas: Intelectuais, internacionalização e financiamento na guerra fria cultural (ed. Unesp), Ridenti trata da internacionalização cultural comunista e de como pensadores latino-americanos como o chileno Pablo Neruda e o brasileiro Jorge Amado fizeram parte desse processo.
O título do livro se origina de um convênio firmado por mulheres norte-americanas milionárias, a partir do meio empresarial paulista, que enviava anualmente cerca de 80 estudantes para conhecer o modo de vida norte-americano. Do lado de lá, quem recebia os estudantes, muitos deles inclinados à esquerda, era Henry Kissinger, futuro secretário de Estado durante os governos dos republicanos Richard Nixon e Gerard Ford. “Essas senhoras passaram o chapéu com a ideia de não perder as elites intelectuais para o lado soviético ou cubano.” Futuros políticos como Aloysio Nunes Ferreira e Roberto Freire foram alguns desses jovens, conta Ridenti: “Aloysio volta, entra para o grupo de Carlos Marighella, depois foge, vai para Moscou, é uma história rocambolesca. Apoiou o golpe contra Dilma Rousseff, agora apoia a eleição de Lula. A trajetória dessas pessoas é fascinante”.
00:00:00 Abertura
00:04:13 Marcelo Ridenti: a guerra fria cultural
00:21:34 Com a derrota do nazifascismo, movimento comunista assume a vanguarda da guerra cultural
00:23:03 O Congresso Mundial pela Paz como ferramenta principal comunista: as pombas de Picasso
00:26:33 Os personagens do Congresso Mundial pela Paz: Picasso, Chaplin, Caio Prado Jr., Mario Schenberg, Diego Rivera, Frida Kahlo, até FHC
00:30:16 O Congresso Mundial pela Paz articula movimento de massa na Guerra da Coreia
00:34:23 O aparato cultural construído pelo movimento comunista
00:38:18 O movimento comunista internacional e o PCB tinham política cultural estruturada
00:40:29 A política cultural comunista disputa a indústria cultural
00:42:20 O papel do setor judeu do PCB na política cultural
00:47:37 Quando os comunistas começam a perder a guerra cultural para o campo capitalista?
00:49:13 Nikita Kruschev faz relatório secreto denunciando os crimes de Stalin: inflexão da guerra cultural?
00:56:26 A União Soviética vai perdendo hegemonia nos anos 1960, o campo capitalista toma a dianteira na guerra cultural
01:06:19 A guerra cultural atual: uma etapa inteiramente nova?
01:10:15 Por que a extrema direita está na vanguarda da guerra cultural neste momento?
01:14:59 O fim da União Soviética retirou da esquerda um imaginário que lhe dava força?
01:16:55 Existe marxismo cultural?
01:19:30 Esquerda perdeu capacidade ou vontade de ter política cultural?
01:21:41 A mera transferência de prestígio dos artistas para a esquerda nos períodos eleitorais
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