RIO DE JANEIRO - PRAÇA DA REPÚBLICA - CAMPO DE SANTANA

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O nome da região vem da Igreja de Santana, construída em 1735 — e demolida em meados do século XIX —, localizada onde hoje está o edifício da Central do Brasil. Por muitos anos, a movimentação da região se restringia aos devotos da santa de mesmo nome, além de proprietários de animais, que levavam seus bichos para pastar no local. Mas tudo mudou após a vinda da família real — junto com milhares de funcionários públicos, nobres e demais reinóis que cruzaram o oceano atrás da corte.
Assim como outros pontos do Rio de Janeiro, o Campo de Santana mudou drasticamente de feição a partir da década de 1810. Uma benfeitoria nada trivial foi a construção de um enorme chafariz, com 22 bicas, abastecido pelas águas do rio Maracanã. O local chegou a ser apelidado de “campo das lavadeiras”. O movimento em torno das águas era intenso não só pela lavação de roupa, mas pelos “aguadeiros”, que transportavam a água em grandes barris amarrados a carroças, vendendo o líquido de casa em casa e pelas ruas da cidade.
A área do campo era aberta, seguindo uma tradição portuguesa. Manter um grande descampado espaçoso dentro da cidade era ideal para celebrações suntuosas, promovidas pela Coroa. O casamento entre d. Pedro e d. Leopoldina, em 1817, e as festas em celebração de d. João VI como rei de Portugal, Brasil e Algarves, no ano seguinte, ofereceram à população do Rio de Janeiro espetáculos grandiosos, jamais vistos na cidade. O local recebeu torres iluminadas, uma arena para realização de touradas e um novo palacete real — com direito a jardim e passeio. A ampla sacada, defronte para a praça em toda sua extensão, era apropriada para que o monarca acenasse para a população em festa no nível abaixo.
No dia 09 de janeiro de 1822, d. Pedro anunciou à população que escolheu desobedecer a um decreto, assinado pelo rei, ordenando que deixasse a regência do Brasil e regressasse a Portugal. Uma parte expressiva da população celebrou a notícia; mas nem todos. Dois dias depois do episódio que ficou para a história como “o Fico”, o general Jorge de Avilez — comandante de tropas fiéis a Lisboa — deu início a um motim, buscando forçar a partida do herdeiro do trono à Europa. Mas fracassou. Isso porque, além do fato de outras divisões militares terem se mantido ao lado do monarca, uma massa de populares se reuniu aos milhares no Campo de Santana, em defesa de d. Pedro. Muitos foram até o quartel da praça se armar — com permissão dos chefes militares e tudo mais. Enquanto a tensão não desvanecia — o que ocorreu no dia seguinte, com a rendição de Avilez —, o povo montou guarda, espalhado pelo espaço aberto.
Alguns meses depois, em outubro, o local recebeu aquela que pode ser considerada como a principal celebração pública (e simbólica) da Independência do Brasil: a aclamação do imperador, d. Pedro I. O episódio serviu para ratificar o apoio da população da capital ao ato de emancipação política, decretada em setembro. No dia da celebração, 12 de outubro — numa coincidência “arranjada”, já que também era o dia do aniversário de d. Pedro —, uma chuva pareceu que estragaria a festa. Só pareceu.
Milhares de pessoas saudaram o novo soberano do Brasil, que do alto da sacada do palacete — construído justamente para seu casamento, poucos anos antes —, acenava para a população. As representações do episódio produzidas pelos artistas da época — que, como de praxe, exageraram na quantidade de pessoas presentes no evento —, mostram d. Pedro ao lado de uma bandeira com as cores do império, verde e amarela. A festança correu o dia, com cavalhadas, música, dança e gritos de “viva!”. Tamanha foi a importância do evento para a cidade do Rio, que aquele espaço passou a ser chamado oficialmente de “Campo da Aclamação”. Ainda assim, mesmo hoje, a atual praça da República atende pelo nome de Campo de Santana.
Referências Bibliográficas
ENDERS, Armelle. A história do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Gryphus Editora, 2015.
MARSON, Izabel Andrade; OLIVEIRA, Cecília Helena L. de Salles (Orgs.). Monarquia, liberalismo e negócios no Brasil: 1780-1860. São Paulo: Edusp, 2013.
PEDREIRA, Jorge Miguel Viana; COSTA, Fernando Dores. D. João VI: um príncipe entre dois continentes. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
SHULTZ, Kristen. Versalhes tropical: Império, monarquia e a Corte real portuguesa no Rio de Janeiro, 1808-1821. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
STARLING, Heloisa Maria Murgel; DE LIMA, Marcela Telles (orgs.). Vozes do Brasil: a linguagem política na Independência (1820-1824). Brasília: Edições do Senado Federal, 2021.
Este texto foi elaborado pelo pesquisador Davi Aroeira Kacowicz.
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Комментарии
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SE O CAMPO DE SANTANA, ESTÁ ASSIM...IMAGINE O PARQUE ARI BARROSO NA PENHA...
QUE SAUDADE! DO QUERIDO RIO DE JANEIRO..
OBRIGADA! PELO VÍDEO..

Liline-rj
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Lindo o quartel central do Rio de Janeiro!!

FlavioCavalcante-qz
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Será que esses postes funcionam. ??
Visitei o campo de Santana várias vezes.
Gosto desse lugar!
Vídeo excelente !

elmosampaio
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Boa tarde . Isso a Globo, Record, BanD, não mostra esse abandono da praça da República. Triste . Antigamente eu passava por ai, tinha Cotia, capivíaras, muitos animais. Hoje não tem mais nada . Culpa da prefeitura. Com esse descanso.

paulocesar
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Aí meu Pai nos levava domingo pela manhã pra andar de bicicleta. Estudei nesse Colégio que tem ai dentro.

MariaIsabel-ivrd
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O nome Campo de Santana é originário da freguesia de Santana, lá existente, que compreendia desde a esquerda da Rua Marquês de Sapucaí até o início da Rua da Alfândega, pegando a Central do Brasil, onde tinha a Igreja de Santana, até o túnel, pegando ainda o prédio do Ministério do Exército, e no interior ia até a Praça da Cruz Vermelha, incluindo a Rua Frei Caneca. No século XX, a freguesia foi aglutinada ao bairro do Centro, perdendo status de bairro, infelizmente.

edmardealmeidasantos
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Triste por ver o descaso do poder público.

joaoignacio
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Essa resposta foi uma revolta da funcionária, acredito eu. Foi quase um pedido de socorro e de denúncia pela falta de verbas e investimentos.

elsa
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Poxa!! Que tristeza!! Esse parque é um bonito "jardim ingles"!! O estranho, que o parque da Luz aqui em São Paulo( o mais antigo de São Paulo), ele que também é um jardim inglês bem parecido com esse do Rio, também está mau cuidado! Seus riachinhos e espelhos d'água também estão secos!!

FlavioCavalcante-qz
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Um absurdo, um lugar tão lindo abandonado.
O RJ está uma vergonha.
Está a cara deste Povo maldito.

MariadaGloriaPereiraMaria
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Rio tá todo assim, o prefeito nada faz, politizou secretarias e com gente incompetente em cargos importantes, nada de bom sai.

davilaercio
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Tadeu, bom ve-lo de volta.
Eu passei muito nesse parque quando menino e passei muito por ele quando adulto.
Era bem cuidado.
Uma pena ve-lo assim.
Nosso prefeito tem grana pra pagar show da Lady Gaga em Copacabana, mas não tem pra cuidar de um parque centenário como esse, patrimônio da cidade.
Dá uma revolta.
Vc está certo.
Os funcionários tb devem ficar revoltados por nada poderem fazer, nem desempenhar suas funções.
Abraço.

LuizSilva-rqgj
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Cidadão pagador de impostos, e eles com isso, não estou nem aí,

Cachorrovelho-qp