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Vitor Ramil - Labirinto
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Ficha técnica
LABIRINTO
Música: Vitor Ramil
Letra: Zeca Baleiro e Vitor Ramil
Vitor Ramil: violões e vozes
Santiago Vazquez: percussão, bateria e eletrônica
Vagner Cunha: arranjo de sopros
Quinteto Porto Alegre:
Elieser Fernandes Ribeiro: trompete
Tiago Linck: trompete
Nadabe Tomás: trompa
José Milton Vieira: trombone
Wilthon Matos: tuba
Gravado e mixado por Moogie Canazio
Masterizado por André Dias
Vídeo
Direção: Antonio Ternura
Direção de arte e ator: Marco Antonio Krug
Produção: Marcela Bordin, Muitas Palmeiras e Antonio Ternura
Direção de fotografia: Juliano Possebon Ferreira
1ª Assistente de fotografia: Marcela Bordin
Lettering: Clara Trevisan
Post: Liquor
Color grading: Gustavo Gripe
Locação: André Ricardo Gasperin, Paragem Gasperin Boa Esperança, Rolante, RS
Texto sobre Labirinto, o filme, por Vitor Ramil
Compus a música de Labirinto em Buenos Aires. Ela nasceu de uma sequência de quatro acordes que se repetiam enquanto eu buscava uma melodia que, ao contrário, se desenvolvesse sem repetições, que fosse sempre em frente. Fiquei improvisando e gravando por muito tempo. A certa altura algumas passagens melódicas começaram a voltar e a querer se impor, fazendo com que eu cedesse ao apelo da canção na forma com que nos acostumamos a ela, com mais de uma parte, estribilho, coda, esse tipo de estrutura. Eu não sabia que, depois de receber letra, a canção se chamaria Labirinto, mas curiosamente ela se fez assim (mais justo do que dizer “foi feita”), de forma labiríntica, levando-me primeiro a avançar perdidamente e depois a me deparar com caminhos já percorridos até encontrar uma saída. Musicalmente falando, tanto o improviso inicial como a forma final se afirmaram pela pungência, uma indescritível emoção de fundo que enchia minha voz de frequências e harmônicos à medida que eu avançava.
Zeca Baleiro e eu vínhamos tentando compor algo juntos, mas, até então, sem muito êxito. Resolvi mandar aquele labirinto para ele, sem entrar em detalhes sobre a composição. Uns dias depois, ele me surpreendeu com uma letra em inglês, que começava assim: I said the love is like an obscure maze. Depois o narrador embarcava em um trem e cantava as a blind bird. No estribilho o sol brilhava muito apropriadamente ao crescendo da música e o narrador anunciava: the pain is mine. Letra bonita, sonora, tocante. A pungência estava lá, mas o idioma não me deixava senti-la. Achei que nossos futuros ouvintes talvez viessem a não sentir o mesmo. Propus ao Zeca uma tradução (no caso, uma transcriação, como diriam os poetas concretos) para o português. Ele entendeu o dilema e topou a ideia. Depois da nossa conversa, saí para caminhar e foi como se mais uma vez entrasse num labirinto, dessa vez feito de imagens e fragmentos da letra em inglês. Queria saber se, mantida a essência do original, a transcriação era viável. Amor, labirinto, trem, pássaro, sol e dor ficaram dando voltas na minha cabeça. A pungência precisava seguir dando o tom. E a sonoridade tinha lá suas exigências. Cantarolei mais do que respirei, e terminei a caminhada indo além do previsto: cheguei em casa com a letra pronta na cabeça. Escrevi-a e mandei-a pro meu parceiro que, generosamente, aprovou sem retoques nosso labirinto agora em português.
Recentemente, depois do lançamento de Labirinto em meu álbum Campos Neutrais (2017), Antonio Ternura me propôs fazer um filme sobre ela. Ele veio do interior da Bahia, onde vive, para Satolep. Conversamos sobre a música e a letra viajando por loucos descaminhos, como gotas d’água num absinto. Na sequência, com impressionantes locações em Rolante, interior do Rio Grande do Sul, uma pequena equipe e a participação decisiva do ator Marco Antonio Krug, ele ergueu outro labirinto em que tudo se transcriou. Agora, nesses tempos de pandemia e isolamento social, o filme ganhou uma pungência ainda maior. Ao vê-lo, eu me vi de novo em Buenos Aires, sozinho a improvisar. O labirinto está dentro de nós.
LABIRINTO
Música: Vitor Ramil
Letra: Zeca Baleiro e Vitor Ramil
Vitor Ramil: violões e vozes
Santiago Vazquez: percussão, bateria e eletrônica
Vagner Cunha: arranjo de sopros
Quinteto Porto Alegre:
Elieser Fernandes Ribeiro: trompete
Tiago Linck: trompete
Nadabe Tomás: trompa
José Milton Vieira: trombone
Wilthon Matos: tuba
Gravado e mixado por Moogie Canazio
Masterizado por André Dias
Vídeo
Direção: Antonio Ternura
Direção de arte e ator: Marco Antonio Krug
Produção: Marcela Bordin, Muitas Palmeiras e Antonio Ternura
Direção de fotografia: Juliano Possebon Ferreira
1ª Assistente de fotografia: Marcela Bordin
Lettering: Clara Trevisan
Post: Liquor
Color grading: Gustavo Gripe
Locação: André Ricardo Gasperin, Paragem Gasperin Boa Esperança, Rolante, RS
Texto sobre Labirinto, o filme, por Vitor Ramil
Compus a música de Labirinto em Buenos Aires. Ela nasceu de uma sequência de quatro acordes que se repetiam enquanto eu buscava uma melodia que, ao contrário, se desenvolvesse sem repetições, que fosse sempre em frente. Fiquei improvisando e gravando por muito tempo. A certa altura algumas passagens melódicas começaram a voltar e a querer se impor, fazendo com que eu cedesse ao apelo da canção na forma com que nos acostumamos a ela, com mais de uma parte, estribilho, coda, esse tipo de estrutura. Eu não sabia que, depois de receber letra, a canção se chamaria Labirinto, mas curiosamente ela se fez assim (mais justo do que dizer “foi feita”), de forma labiríntica, levando-me primeiro a avançar perdidamente e depois a me deparar com caminhos já percorridos até encontrar uma saída. Musicalmente falando, tanto o improviso inicial como a forma final se afirmaram pela pungência, uma indescritível emoção de fundo que enchia minha voz de frequências e harmônicos à medida que eu avançava.
Zeca Baleiro e eu vínhamos tentando compor algo juntos, mas, até então, sem muito êxito. Resolvi mandar aquele labirinto para ele, sem entrar em detalhes sobre a composição. Uns dias depois, ele me surpreendeu com uma letra em inglês, que começava assim: I said the love is like an obscure maze. Depois o narrador embarcava em um trem e cantava as a blind bird. No estribilho o sol brilhava muito apropriadamente ao crescendo da música e o narrador anunciava: the pain is mine. Letra bonita, sonora, tocante. A pungência estava lá, mas o idioma não me deixava senti-la. Achei que nossos futuros ouvintes talvez viessem a não sentir o mesmo. Propus ao Zeca uma tradução (no caso, uma transcriação, como diriam os poetas concretos) para o português. Ele entendeu o dilema e topou a ideia. Depois da nossa conversa, saí para caminhar e foi como se mais uma vez entrasse num labirinto, dessa vez feito de imagens e fragmentos da letra em inglês. Queria saber se, mantida a essência do original, a transcriação era viável. Amor, labirinto, trem, pássaro, sol e dor ficaram dando voltas na minha cabeça. A pungência precisava seguir dando o tom. E a sonoridade tinha lá suas exigências. Cantarolei mais do que respirei, e terminei a caminhada indo além do previsto: cheguei em casa com a letra pronta na cabeça. Escrevi-a e mandei-a pro meu parceiro que, generosamente, aprovou sem retoques nosso labirinto agora em português.
Recentemente, depois do lançamento de Labirinto em meu álbum Campos Neutrais (2017), Antonio Ternura me propôs fazer um filme sobre ela. Ele veio do interior da Bahia, onde vive, para Satolep. Conversamos sobre a música e a letra viajando por loucos descaminhos, como gotas d’água num absinto. Na sequência, com impressionantes locações em Rolante, interior do Rio Grande do Sul, uma pequena equipe e a participação decisiva do ator Marco Antonio Krug, ele ergueu outro labirinto em que tudo se transcriou. Agora, nesses tempos de pandemia e isolamento social, o filme ganhou uma pungência ainda maior. Ao vê-lo, eu me vi de novo em Buenos Aires, sozinho a improvisar. O labirinto está dentro de nós.
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