Aristófanes (Fundamentos de Literatura Grega Antiga)

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Encerrando nossa breve introdução às formas poéticas dramáticas da Atenas Clássica, propomos algumas considerações sobre a comédia, sua possível origem nas performances religiosas do período arcaico (tal como sugeridas por imagens em vasos de cerâmica e em dados da antropologia comparada), bem como sobre Aristófanes e sua riquíssima obra. Para isso, delineamos as características gerais da comédia e algumas das problemáticas desenvolvidas por ela, buscando oferecer exemplos a partir de comédias aristofânicas: falamos da estrutura (incluindo o agón e a parábase), dos personagens, do coro etc. Levamos em conta ainda o contexto histórico em que Aristófanes viveu, indicando de que modo história, política, religião e arte dialogam continuamente para fornecer obras-primas como Acarnenses, As Nuvens e As Rãs.

CRÉDITOS DA MÚSICA:

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Aula 18

Extremamente substancial e importante as análises acerca das abordagens de assuntos políticos ou da realidade da sociedade contemporânea à comédia concomitantemente escrita.

As questões supracitadas se aplicam bem à Aristófanes. Como exemplo, lemos na disciplina de filosofia antiga a comédia "as nuvens" do autor. A aula foi bem interativa e os tons de humor traziam de forma leve as problemáticas e movimentos da obra acerca de Sócrates, a comparação com os sofistas, os dois discursos, a agressão do filho ao pai etc. Me apaixonei pelo gênero.

Ainda sobre o que foi dito no primeiro parágrafo, isso tudo me lembra o testemunho de Jô Soares de quando fazia teatro na época da ditadura e também o pai do irmão do Jorel

isahellnessaporra
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É muito interessante para mim ver como os estudos e as evidências, que foram apontadas pelo professor durante a presente aula, fazem-nos supor que a comédia na grecia antiga tem uma ligação muito íntima com ritos de passagem de fases da vida e resquícios de uma cultura anterior e mais primitiva (no sentido de mais proxima a ritos animalescos). O humor, ou mais especificamente a comédia grega, que embora não tivesse a exata mesma conotação da palavra “comédia” que concebemos atualmente desperta em nós humanos algo que vai além do racional, o riso (e para mim, principalmente o riso coletivo) é uma reação que só se alcança quando abstrai-se da racionalidade, explicar uma piada retira sua graça por completo e compreender o papel do riso e da comédia em uma sociedade como tendo um caráter ritualístico faz-me compreender que, para muito além do alívio e da diversão, a comédia tem um caráter transcendental que nos liga aos nossos impulsos primordiais, não como um regresso, mas como uma eterna lembrança de que para além da razão somos compostos de uma enorme amálgama de afetos.

gabrielmalta
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Uma das grandes qualidades dos estudos clássicos é a assimilação de críticas/temáticas/conceitos do passado com os do presente. Na comédia antiga são criticadas, refletidas, através do humor, as vivências da sociedade grega: na guerra, na política, religião, costumes, etc; e através do conteúdo das comédias, mais do que aproveitar sua “representação” do passado, é possível trazer as suas “representações” para reflexões sobre o presente.

Contando com a possibilidade de que Aristófanes, com seu destaque social de comediógrafo, tenha influenciado o destino de Sócrates (além de Cléon e Eurípedes, como exposto na aula) - é inevitável pensar em como o “discurso do riso” molda a realidade, a exemplo:

“(...) é o que vós próprios víeis na comédia de Aristófanes — um Sócrates transportado pela cena, apregoando que caminhava pelo ar e proferindo muitas outras sandices sobre assuntos de que não entende nada.” (Platão, na sua “Defesa de Sócrates”, da coleção “Os Pensadores”, editora “Nova Cultural”).

Dessa forma, na visão de Platão (mas usando a voz de Sócrates), por causa de Aristófanes, Sócrates, que é um homem virtuoso, passa como um charlatão. Ou como retrata o próprio Aristófanes (na trad. de Baracat e cia), através de:

“FIDÍPIDES:
Blergh!, São uns velhacos, bem sei. Estás falando daqueles charlatães branquelos e de pés descalços, entre os quais estão o miserável Sócrates e Querefonte.”

Assim se vê que Sócrates é descredibilizado, assim como hoje em dia pessoas sérias (cientistas, professores) também são, e esse descrédito toma força justamente pela sua origem, que é de pessoas articuladas, com destaque, influência, assim como Aristófanes foi. E é claro, em oposição ao filósofo que é visto como charlatão, tem-se (perigosamente) o charlatão que é visto como filósofo. A comédia é interessantíssima pelo caráter engraçado, debochado, que ela tem, e que é a sua proposta, mas ao mesmo tempo tem que se ter consciência da sua materialidade do discurso (como alerta Foucault), do poder influenciador das suas críticas.

cristianofonseca
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aula 19 A aula aborda a comédia, suas origens e a obras de Aristófanes. É indicada uma periodização que divide as produções da comédia entre antiga, média e nova. A apresentação de imagens em vasos e outras peças sinalizam aspectos das performances de comédia, como os ritos de passagem para a vida adulta. As comédias podem trazer elementos do absurdo, mas com debates de questões públicas. Gostei muito de ouvir as leituras das peças. Acho que as diferenças na fala para os personagens trazem outro elemento de comédia. O professor reflete sobre o humor e a responsabilidade dos humoristas no tratamento da diferença. O respeito pela diversidade é necessário para a criação de comédias que não ridicularizem minorias. Percebo que na atualidade a liberdade de expressão tem sido usada como liberdade para oprimir e enaltecer preconceitos. É algo extremamente perigoso e na verdade configura uma oposição à liberdade de expressão.

nadiapaiva
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Grande representante da comédia, gênero complementar da tragédia, a obra de Aristófanes fluiu em estilos desde a comédia antiga até a média, cuja representação chegou-nos, principalmente, através de testemunhos visuais em outras formas artísticas. Abordou temas variados, frequentemente políticos, mas manteve uma estrutura básica que era a apresentação de uma situação complicada para o herói seguida de uma ideia revolucionária para solucioná-la. Apresentou personagens muito variados, com fantasias grotescas e registros linguísticos para enfatizar o caráter cômico, às vezes reforçando estereótipos. Por isso e por suas temáticas a sua obra nos faz, na contemporaneidade, questionar os limites do uso do humor. O coro, sempre presente, é muitas vezes dotado de traços animalescos e fantásticos e cumpre uma função essencial ao voltar-se para o público e, quebrando uma ilusão mimética, faz uma série de considerações de cunho meta poético e político, temática recorrente em sua obra.

giovanaabreu
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A comédia ática é um fenômeno singular e dos mais interessantes. Aristófanes, seu maior expoente, costumava escrever peças que falavam de temas políticos de sua época e introduzia personagens do mundo real (Ex.: Ésquilo e Eurípides em As Rãs), quase que às vezes os chamando para debate. Também faziam parte da sua plêiade de personagens desde os deuses gregos até as pessoas comuns, o que demonstra uma variedade social. A crítica formulada por Aristófanes à sociedade ateniense era, apesar de sua aparência cômica, muito sério. E aqui entra uma questão ainda hoje relevante para as sociedades humanas que é a alta capacidade da comédia para crítica – seja na formulação grega antiga, seja na atual em suas várias facetas. No caso específico da Grécia antiga, a comédia, cooriginária da tragédia, discorre sobre temas muito caros ao debate público e faz a sua crítica por meio do absurdo e com o auxílio do riso e do ridículo. Para atingir seu objetivo, utiliza-se por vezes de vocabulário obsceno, duplo-sentidos e outros.

marianalamberti
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Aula 21:

Obrigado por esse panorama incrível da vida e obra de Aristófanes, professor. O comediógrafo grego é, sem dúvida, um dos autores mais interessantes para se pensar as relações dialógicas de Bakhtin, como você bem disse.

Considero o estudo do autor muito ilustrativo para compreendermos o caráter performático do humor e os problemas que enfrentamos na atualidade com a produção violenta como de humoristas que nem merecem menções. O espaço temporal que há entre nós e Aristófanes ainda não nos obstrui o fato de que o autor não contradizia lugares-comuns da Grécia clássica arbitrariamente. Portanto, dizer que os humoristas politicamente incorretos de hoje são representantes da tradição cômica e merecem total apoio é falacioso. O humor é, desde os gregos, uma prática complexa, repleta de teor crítico, como observamos na aula. Porém, não podemos nos cegar pela liberdade projetada por obras cômicas. O humor deve e pode ser criticado sempre, visando manter o respeito necessário para com indivíduos que são representados de maneira deturpada para uma construção simples de piadas.

Os maiores expoentes do humor, desde Aristófanes, compreendem que o caráter performático é de suma importância para o gênero cômico. O stand-up comedy hodierno também pode ser enxergado da mesma forma. O diálogo com o público, esse “rebaixamento”, caracteriza a proximidade das reflexões. Assim, podemos dizer que a produção humorística tem muito o que aprender com Aristófanes e tudo que o cerca – muito bem colocado na exposição. Devemos ler as comédias de Aristófanes buscando compreendê-lo dentro de seu tempo e, sempre que possível, e tomando os devidos cuidados, trazê-lo até nós.

gabrielmarinho
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Aula 21

Inicio aqui meu comentário com uma das falas finais dessa exposição, que é a de que a comédia é, muitas vezes, mais séria do que a tragédia. Essa fala me fez voltar na aula passada, sobre Eurípides, uma vez que suas obras chegaram a ser mal vistas e a não ter tanta popularidade assim, justamente pelo fato de serem levantados temas polêmicos, temas que causavam desconforto ao público e que fazia quem estava ali assistindo sentir-se incomodado; tudo isso, portanto, acabou por fazer com que a tragédia desse autor não tivesse tanto apreço assim. Sendo assim, o que me veio à cabeça é que a comédia, por trazer assuntos assim, em forma de riso, de comédia e de piada, acabava chamando mais a atenção do público.

A dimensão sociopolítica do riso é, ao meu ver, muito interessante; essa capacidade de fazer com que temas que causam desconforto na população, temas que a sociedade tende a não falar sobre e temas que precisam ser colocados em cheque e ser criticados sejam trazidos à tona, na forma de riso, e, dessa maneira, a sociedade se atenta a esses temas, incorpora para ela as dores e dificuldades daqueles que sofrem, que estão marginalizados e oprimidos, e, a partir disso, esse riso causado traz uma transformação social, traz mudanças, traz reflexões. Mais uma vez, fica claro para nós a dimensão educativa que esses textos têm e a capacidade deles em transformar a forma de viver, pensar e ser de uma sociedade.

Confesso que, até então, não prestava atenção quanto ao tipo de humor que eu consumia e com certeza, a partir de agora, vou me atentar para isso e para as possíveis possibilidades de reflexão a partir desse humor.

isabelalavalle
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Pensar o ato da comédia como fundamental à reflexão social das coisas e fundamentos que a compõem é tão interessante quanto o efeito que as tragédias tinham à época, em seu público. Após ter assistido à aula sobre Aristóteles, fiquei pensando que as comédias, também, não somente as tragédias por ele mencionadas, ao suscitarem temor e piedade no público que se volta a ela, faria com que esse público, questionando-se sobre o enredo e as saídas encontradas pelos personagens, encenado por caracteres, que transmitem um determinado pensamento do autor, por meio de uma elocução conveniente, nos levariam a refletir e a buscar qual é o sentido daquela ação ali representada, e ficaria alerta com relação a uma série de crenças ali compartilhadas.

Aristófanes, dentro desse contexto, é peça fundamental para tal processo mais crítico. Seja em Lisístrata, expondo a condição social das mulheres, ou mesmo nas Rãs, em sua reflexão sobre a poesia dos tragediógrafos, fato é que este brilhante autor realizava, concomitantemente a um papel pedagógico, outro, o de tensão imagética e cultural do cenário grego antigo em que atuava.

rafaelpublio
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Aula 21

A aula de hoje tematizando a comédia de Aristófanes foi muito proveitosa e, na minha percepção, alguns pontos se destacaram. O primeiro seria a focalização de temáticas relevantes para a sociedade naquele momento, isto é, a comédia como espaço para tratar de assuntos de interesse da sociedade, como a guerra do Peloponeso e a educação sofística. A variedade dos personagens, jo que se refere a suas origens e classes sociais, bem como a reflexão a respeito de o riso ser um mecanismo de coesão social devendo, contudo, ser manejado ciidadosa e respeitosamente, foram tópicos de grande relevância. E o que para mim foi o momentobde maior reflexão foi o fato de como as mulheres se unirem em favor de algo que as beneficiaria era encarado como um elemento fantástico em Aristófanes, o que nos conduz a um entendimento profundo da sociedade grega.

luisarocha
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De volta a Atenas do período clássico, a comédia é uma contraparte da tragédia, como gênero dramático antigo. Nesse sentido, Aristófanes aborda uma variedade de temas, com uma estrutura básica: uma situação inicial complicada para o herói cômico, seguida de uma ideia revolucionária para reverter tal situação, encontra resistência e vem a ser implementado até suas mais imprevisíveis consequências. Aborda frequentemente temas políticos e faz a utilização de figuras reais e contemporâneas, como por exemplo Sócrates, fomentando críticas e incentivando debates públicos. Uma curiosidade interessante sobre uma peça de Aristófanes, é a satira presente em sua obra chamada “As aves”, onde Sócrates é descrito em um pantano, com pessoas de um pé só que auxiliam companheiros de Sócrates a resolver problemas espirituais, dando origem a uma proposta no mínimo inusitada, de autoria de Carl Ruck, que propõe esse povo de apenas um pé, eram na verdade uma alusão direta a cogumelos alucinógenos. Sendo essa proposta de Ruck correspondente ou não, se mostra bastante curioso e até ilustrativa, como mesmo Sócrates, não passava batido nas representações em peças de autoria deste que é um dos principais nomes da comédia grega.

victorlopes
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Aula 21
Sobre a autofagia da comédia grega
É interessante observar a comédia como uma espécie de duplo da tragédia, que através da caricatura expõe o que pretende significar, para isso bebe de seu próprio contexto e esse torna-se passível de mudança a partir da obra. Ainda é possível pensar como as comédias tanto gregas como romanas são o que sobrou dos resquícios dialetais, o que implica necessariamente numa discussão sobre como traduzir os sotaques e dialetos estigmatizados, usados como pilares estruturais do gênero.
Sobre a comédia “As Rãs” de Aristófanes, me chama atenção a maneira pela qual a deformação das premissas fundadoras dos valores gregos, além de gerarem risos, implicam automaticamente numa moralidade avessa, questionadora do que já está dado, como por exemplo quando Xantias diz que depois da tempestade vê-se um gato, o humor é gerado pela semelhança entre as palavras calmaria(γαλήνη)e gato(γαλέη). Além da caricatura das personagens, já antes conhecidos por seus arquétipos, a dimensão cômica exacerba tais características como por exemplo quando Xantias ironiza Dioniso como um homem valoroso que só pensa em beber e transar. O cômico é um outro nuance no espectro da Atenas Clássica e seu estatuto de terra do discurso, que através do mesmo discurso questiona os que se propunham como verdadeiros, sem pretensão de se afirmar enquanto tal.

helenaelias
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Começo enfatizando que, durante grande parte da obra As Rãs, Aristófanes demonstra que o poeta tem, sim, papel fundamental de educador - as obras dramáticas, normalmente, transmitem algum valor moral. E, além da passagem citada no vídeo sobre esse aspecto, Dioniso basicamente "pesa" as palavras de dois poetas que contrapõem estilo e personalidade. Isso mostra que as palavras do poeta, realmente, são importantes dentro de um contexto de educação dos jovens e ainda leva a outra discussão relevante daquela época: o embate entre os valores conservadores e os "modernos". Nesse sentido, é clara a distinção entre as palavras e as táticas usadas por Eurípides e Ésquilo para demonstrar isso. Eurípides, segundo o artigo da Marina Peixoto Soares, é considerado tagarelo, mostrando os valores sofísticos, pois envolviam o público com inúmeros assuntos que segundo o ponto de vista de Ésquilo, expresso pelo personagem na própria obra, tornam "os homens mais miseráveis". E, a concordar com a ideia de que Aristófanes ao colocar em embate os valores conservadores e os "modernos" opta no final pelos conservadores, Dionisio acaba por ressucitar Ésquilo, poeta (didáskalos) de moral mais conservadora, segundo a própria obras As Rãs.

marcotuliocosta
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Olá professor, que aula massa, estava ansioso pela aula de Aristófanes. Interessante o ponto de obscuridade do início da comédia, o pouco conhecimento que se tem sobre as características que formam a estrutura cômica devido a desatenção que sofreu em sua origem, pois a comedia costuma estar associada a momentos de risada e diversão. Algo do gênero ter ficado nas sombras, pode nos levar a uma indagação de certa forma, o aspecto de crítica que as piadas possuem estão desde a origem por isso fez com que a comédia permanecesse nas sombras, ou devido ao fato de ter se mantido nas sombras desde o início que em seu processo de estruturação a ideia de crítica veio como um ato de revolta?

Achei muito legal a comparação entre alguns ritos de passagem identificados nas pinturas com outros que possuímos na sociedade atual, demonstra bem como que o ritual, mesmo que não leve exatamente esse nome atualmente, faz parte do processo de festividade do ser humano. Eu pessoalmente raspei o cabelo quando descobri a entrada no curso na UFMG, fiquei muito feliz e senti a necessidade de passar por isso que todos passam, de maneira a festejar e vim a realidade de que tinha me tornado um universitário.

Quanto a obscenidade nas obras de Aristófanes acho que é de certa forma essencial, essa mistura entre o linguajar tosco e ofensivo a imagem do espectador, mais a crítica feita de maneira subliminar ou de forma que não seja vista em primeiro plano, torna esse estilo genial. Sem a necessidade de ofender com a ridicularização, mas utilizando a mesma de forma a complementar o objetivo final.

wanderflaviodemelo
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Esta aula apresentada pelo professor Rafael Silva tem como tema central Aristófanes.


Inicialmente é destacado que a comédia é uma contraparte complementar da tragédia. Os concursos cômicos também entram no âmbito das Dionísias.


A peça mais antiga que nos chegaram é “Acarnenses”, de Aristófanes, de 425 a.C. cerca de 60 anos após o suposto início do gênero, havendo uma grande lacuna histórica.
Nos é apresentada uma série de expressões artísticas antigas que remetem ao gênero comédia.


A comédia de Aristófanes em termos estruturais é apresentada por uma situação inicial complicada para o herói cômico, uma ideia revolucionará para reverter tal situação, a presença de resistência e após a implementação delas até as suas mais imprevisíveis consequências.


Em relação aos personagens, há grande variações entre desuses, políticos, sofistas, fazendeiros, cidadãos comuns, entre outros. Há o emprego de máscaras e fantasias grotescas com acolchoamento, incluindo o falo.

A linguagem empregada possui muita obscenidade, duplicidade, humor físico e escatológico.
Nos é apresentada uma breve síntese da obra “Acarnenses”.


O coro em Aristófanes tem função de atuar na própria ação e possui traços fantásticos e animalescos. A parábase é o momento que o coro se volta para o público, quebrando a ilusão mimética e fazer uma série de considerações metapoéticas e políticas.


Após o professor nos apresenta a obra “Os Cavaleiros”.


Cabe destacar que Aristófanes emprega elementos fantásticos em suas obras para suscitar uma reflexão e tinham inclusive efeitos práticos na realidade social.
É introduzida uma dimensão sociopolítica do riso e a obra “Lisístrata”.


A comédia e a tragédias tem uma relação complexa, partilham características dramáticas, como o uso de coro, cena, personagens, máscaras, entre outros. No entanto, as comédias têm uma consciência crítica, mais reflexiva.


Por fim, a aula termina com uma apresentação de “As Nuvens”, abordando ainda o papel didático do poeta e reflexões sobre a importância de Aristófanes.

AlakzamBurnout
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Aula 21: A comédia, interessantemente, tem esse papel de apontar o que deve ser feito, como devemos ser e os comportamentos que devemos evitar além de revelar as tensões do seu contexto de produção. É impressionante como um texto do período clássico pode ter impacto na sociedade atual, a partir da releitura de artistas muito posteriores. A influência de Aristófanes na cultura pop atual se faz notar por meio de uma das mais famosas adaptações de sua obra para o cinema. O filme Chi-Raq (2015) de Spike Lee reconta a narrativa de Lisístrata sob uma perspectiva afro-americana em que mulheres de chicago propõem uma greve de sexo para que seus namorados e maridos, membros de gangues, desistam das atividades criminosas que geram violência e mortes na cidade. Uma releitura sem dúvida ousada que reivindica a comédia e o absurdo como ferramentas de denúncia social de uma realidade tensa vivida pela comunidade negra estadunidense. O coro é adaptado através da figura de um Samuel L. Jackson caracterizado como os cafetões americanos dos anos 70, a simbologia fálica é representada, nessa versão, pelas armas dos gângsters da cidade, as coreografias e musicalidades típicas de uma apresentação teatral grega são substituídas por expressões artísticas tipicamente afro americanas como o stepping e a música gospel. O filme foi criticado por aparentemente ter uma dificuldade em manter um “tom narrativo coerente”, porém, a meu ver, o que Spike Lee consegue fazer é mesclar o absurdo da comédia à dura crítica social nos obrigando a reconhecer que comédia, de fato, é coisa séria.

marianafreitas
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AULA 21 - Aristófanes, considerado o representante da comedia antiga. Apresentou, através das suas peças, os problemas que a sociedade ateniense vivia à época tais como as grandes transformações artísticas e culturais, culminando com os problemas políticos devido a guerra de Peloponeso. E ele usa as suas peças para transmitir mensagens sobre a sua opinião dos assuntos desta época. Como o ele queria era atacar as grandes personalidades, usou da comédia para alcançar seus objetivos.
Lisistrata, As Nuvens, A Paz, Os Cavaleiros, As Vespas, são alguns exemplos deste objetivo de fazer sua plateia questionar os valores morais. A intenção era muito além de despertar o humor e o riso. Era fazer através deste comportamento o surgimento de reflexões. "(...) vê-se logo, portanto, que o riso é uma forma de comportamento social perante a diferença." ( Silva, Rafael - artigo acima ).

sandrarocha
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Essa história do riso de Deméter me lembrou bastante a história de Amaterasu no Kojiki! Obrigado, pois antes eu não tinha feito a conexão entre a história da deusa japeonsa que se esconde na cavena e do rapto de Perséfones.

CedricAyres
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Aula 22 - Aristófanes, dramaturgo muito famosa da antiguidade grega, é autor de algumas das comédias mais famosas do período clássico de Atenas. Essas comédias eram performadas publicamente, em festivais, com atores para cada personagem. Uma das comédias mais famosas de Aristófanes, as nuvens, teve muita repercussão pelo fato de retratar Sócrates de maneira cômica, apresentando o filósofo de forma baixa e indigna ridicularizando e apresentando preconceitos presentes na sociedade ateniense no período clássico. Essa comédia foi até mesmo citada no julgamento de Sócrates que o levou a morte, como apresentado por Platão na apologia de Sócrates. Esse poema certamente serviu para influenciar a opinião pública contra o filósofo, que foi condenado. Ele era retratado como um louco que negava os deuses e afirmava deuses que não existem, por isso, corrompendo os jovens que o seguiam.

joaobarretoleite
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Na décima nona aula, é abordado o gênero da comédia, colocando em evidência as suas principais características, tendo como base as obras de Aristófanes. É muito importante notar os temas que faziam parte das composições, tendo em vista a comédia de Aristófanes, pois o elemento cômico era usado como uma espécie de ferramenta política. Como é pontuado pelo professor, “o riso é um meio de afirmar certos valores sociais” (SILVA, p. 55). Desse modo, é possível notar que as referências presentes nos momentos cômicos enunciam valores e convenções, as quais faziam parte da sociedade. Além disso, a comédia possui uma autoconsciência crítica, o que a torna um modo de linguagem muito interessante, visto que “trata-se de uma forma de se posicionar socialmente [...]” (Ibidem, p. 56). Nesse sentido, é possível entender o riso como uma manifestação do inconsciente, à medida em que determinada convenção compartilhada por meio da comédia, impulsiona a reação do público da forma mais espontânea possível. Assim, ainda hoje é notória a importância que a comédia representa, como quando notamos atitudes machistas, racistas, homofóbicas, entre outras, que são transfiguradas em “piadas”. Mas é inegável que na Grécia antiga o potencial reflexivo e, dessa forma, crítico do gênero era utilizado com mais propriedade e eficiência, o que pode ser visto como uma representação de problemáticas da época.

ketelyoliveira
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