filmov
tv
Nietzsche, Niilismo e Vontade de Potência

Показать описание
Para entender e se aprofundar na prática da Esquizoanálise, convido você a participar do evento gratuito e online: Conexão Esquizoanálise.
Quando: 25 e 26 de março às 20 horas (horário de Brasília)
Nietzsche diz assim, “vinde a mim todo o acaso, porque ele é inocente como uma criancinha”. O ser reativo diz “Não. Tem o acaso bom e o acaso mau. Eu só quero o acaso bom, o acaso mau… Eu tenho esperança do acaso bom e tenho medo do acaso mau. Eu vivo entre a esperança e o medo, e eu aposto no acaso bom”.
Nietzsche diz “Não, vinde a mim todo o acaso, o bom e o mau”, porque, em uma certa medida, o acontecimento é inevitável. A vida está em acontecimento, então tem uma afirmação plena no acontecimento. Não negue, porque ele já está em acontecimento. Não há como você negar algo que já está em acontecimento.
Então, se componha com isso, em vez de dizer “Não, eu não quero que aconteça”, “Eu vou parar o tempo”, “Eu vou parar o movimento”. É impossível! Você pode mudar o sentido, transmutar, mas imobilizar, fixar, parar, não. Não consegue. É uma estupidez fazer isso.
Então aquele que nega tem a ilusão de que ele pode parar o tempo, classificar, enquadrar, submeter a uma forma ideal. A negação, na verdade, implica um mau sofredor, implica um ser atolado, implica aquele que não se dá bem com o devir, aquele que está incomodado com a existência, com a diferenciação, com o acaso que chega perto demais, que incomoda demais. Tudo incomoda demais. Tudo dói demais. É o ser dolorido. É o ser do ressentimento. Tudo vira marca. “Ora, era fluxo”, mas já vira marca, cristaliza e aí dói.
Sócrates, no final da vida, velho, decadente, fraco, cansado. E Nietzsche ainda zomba, Nietzsche tira uma e diz “E feio.” Mas, na verdade, feio não porque ele era feio de formas, o que também dizem que era, mas feio nessa visão de que vê no acontecimento a causa da corrupção.
Platão depois vai elevar Sócrates à milésima potência. Platão é o grande pensador que vai, inspirado em Sócrates, fundar o sistema ideal. Ele vai dizer que o devir é aquilo que é incapaz de ser. E o ser é aquilo que permanece eternamente igual a si mesmo. Por isso que o ser é valioso, e o devir é aquilo que é incapaz de ser, que muda sempre, que é efêmero, que não sobre nada.
Então ele faz do acontecimento o quê? Um nada. Acontecimento vira nada, vira pó. O acontecimento é um mero acidente, em vez de exprimir uma essência. Ele é um mero acaso, em vez de exprimir uma necessidade. Ele é absolutamente efêmero e passageiro, em vez de produzir consistência.
Aqui está o primeiro sentido de niilismo. Niilismo negativo.
O que é o niilismo, então? O niilismo não é a negação de modo absoluto. O niilismo é uma negação como nadificação. A negação como desqualificação do devir e da existência.
O acontecimento? Mero acidente. Mero acaso. Mera coisa efêmera. Impermanente. Isso que é a desqualificação, isso que é a nadificação. É como se fosse um nada, o acontecimento. É uma mera aparência.
Platão fazia bem a distinção entre o simulacro e a boa cópia. A boa cópia é aquilo que tem ser, porque inspira-se e segue, imita, introjeta a forma do modelo do ser. E o simulacro é aquilo que parece ser, mas, na realidade, carece da essência do ser.
Então inventa-se um mundo das aparências. Isso que é a nadificação. Isso que é o niilismo negativo. Então o que é o niilismo negativo? É aquele modo de viver, de existir, que deseja, que investe o seu desejo, a sua vontade em um ideal superior à existência. Se o ideal é um valor superior à existência, logo eu posso dizer que a existência se torna, em relação ao ideal, o quê? Se torna inferior.
Então eu inferiorizo a existência diante da idealidade da essência. É fundamental entender isso. Então sempre eu vou precisar de uma verdade para legitimar os meus atos, os meus pensamentos, meus desejos, meus afetos. Sempre…
Bom, e no caso da clínica? Será que eu delego o poder ao analista, de dizer a verdade sobre mim?
Veja também os conteúdos que disponibilizo através do:
Quando: 25 e 26 de março às 20 horas (horário de Brasília)
Nietzsche diz assim, “vinde a mim todo o acaso, porque ele é inocente como uma criancinha”. O ser reativo diz “Não. Tem o acaso bom e o acaso mau. Eu só quero o acaso bom, o acaso mau… Eu tenho esperança do acaso bom e tenho medo do acaso mau. Eu vivo entre a esperança e o medo, e eu aposto no acaso bom”.
Nietzsche diz “Não, vinde a mim todo o acaso, o bom e o mau”, porque, em uma certa medida, o acontecimento é inevitável. A vida está em acontecimento, então tem uma afirmação plena no acontecimento. Não negue, porque ele já está em acontecimento. Não há como você negar algo que já está em acontecimento.
Então, se componha com isso, em vez de dizer “Não, eu não quero que aconteça”, “Eu vou parar o tempo”, “Eu vou parar o movimento”. É impossível! Você pode mudar o sentido, transmutar, mas imobilizar, fixar, parar, não. Não consegue. É uma estupidez fazer isso.
Então aquele que nega tem a ilusão de que ele pode parar o tempo, classificar, enquadrar, submeter a uma forma ideal. A negação, na verdade, implica um mau sofredor, implica um ser atolado, implica aquele que não se dá bem com o devir, aquele que está incomodado com a existência, com a diferenciação, com o acaso que chega perto demais, que incomoda demais. Tudo incomoda demais. Tudo dói demais. É o ser dolorido. É o ser do ressentimento. Tudo vira marca. “Ora, era fluxo”, mas já vira marca, cristaliza e aí dói.
Sócrates, no final da vida, velho, decadente, fraco, cansado. E Nietzsche ainda zomba, Nietzsche tira uma e diz “E feio.” Mas, na verdade, feio não porque ele era feio de formas, o que também dizem que era, mas feio nessa visão de que vê no acontecimento a causa da corrupção.
Platão depois vai elevar Sócrates à milésima potência. Platão é o grande pensador que vai, inspirado em Sócrates, fundar o sistema ideal. Ele vai dizer que o devir é aquilo que é incapaz de ser. E o ser é aquilo que permanece eternamente igual a si mesmo. Por isso que o ser é valioso, e o devir é aquilo que é incapaz de ser, que muda sempre, que é efêmero, que não sobre nada.
Então ele faz do acontecimento o quê? Um nada. Acontecimento vira nada, vira pó. O acontecimento é um mero acidente, em vez de exprimir uma essência. Ele é um mero acaso, em vez de exprimir uma necessidade. Ele é absolutamente efêmero e passageiro, em vez de produzir consistência.
Aqui está o primeiro sentido de niilismo. Niilismo negativo.
O que é o niilismo, então? O niilismo não é a negação de modo absoluto. O niilismo é uma negação como nadificação. A negação como desqualificação do devir e da existência.
O acontecimento? Mero acidente. Mero acaso. Mera coisa efêmera. Impermanente. Isso que é a desqualificação, isso que é a nadificação. É como se fosse um nada, o acontecimento. É uma mera aparência.
Platão fazia bem a distinção entre o simulacro e a boa cópia. A boa cópia é aquilo que tem ser, porque inspira-se e segue, imita, introjeta a forma do modelo do ser. E o simulacro é aquilo que parece ser, mas, na realidade, carece da essência do ser.
Então inventa-se um mundo das aparências. Isso que é a nadificação. Isso que é o niilismo negativo. Então o que é o niilismo negativo? É aquele modo de viver, de existir, que deseja, que investe o seu desejo, a sua vontade em um ideal superior à existência. Se o ideal é um valor superior à existência, logo eu posso dizer que a existência se torna, em relação ao ideal, o quê? Se torna inferior.
Então eu inferiorizo a existência diante da idealidade da essência. É fundamental entender isso. Então sempre eu vou precisar de uma verdade para legitimar os meus atos, os meus pensamentos, meus desejos, meus afetos. Sempre…
Bom, e no caso da clínica? Será que eu delego o poder ao analista, de dizer a verdade sobre mim?
Veja também os conteúdos que disponibilizo através do:
Комментарии