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Hegel e a história
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Doutor em Filosofia pela USP.
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UMA RESPOSTA PARA KANT
Hegel não estava satisfeito com a concepção de Kant de que não podemos conhecer as "coisas-em-si". Ele tenta superar as oposições rígidas do entendimento (pensamento e realidade, conceito e intuição, dever e inclinação) por meio de uma síntese superior da "razão especulativa".
FILOSOFIA DA HISTÓRIA
Com Hegel, o olhar para a filosofia se torna um pouco mais amplo, ela deixa de se restringir ao âmbito da reflexão intimista e cerebral e busca a compreensão de si nos fatos históricos que o homem realiza ao longo tempo. A história é o desenvolvimento do espírito universal, que faz dos indivíduos suas ferramentas.
Em outras palavras, nossa consciência e nossa razão não estão separadas do movimento da realidade, não são atividades meramente interiores e individuais, mas se formam na relação com o outro e com o mundo. Lentamente, o ser humano vai adquirindo autoconsciência e expande sua liberdade até chegar ao saber filosófico.
A descoberta desse movimento progressivo que interliga a consciência com o mundo mostra que, mesmo em suas atividades múltiplas e contraditórias, a história humana é racional. A compreensão desse grande processo em movimento é tarefa da filosofia.
FILOSOFIA DO ESPÍRITO
Um ponto de vista fundamental do pensamento hegeliano é o de entender a verdade não como substância fixa e imutável, mas como sujeito, como espírito, isto é, como atividade, processo. Cada momento do real é um momento necessário do absoluto: o real é um processo que se autocria enquanto percorre seus momentos sucessivos.
Em sentido geral, espírito é uma atividade da consciência que se manifesta no tempo e se expressa em três momentos distintos:
• espírito subjetivo - é o espírito individual, ainda preso na sua subjetividade (um ser com emoção, desejo, imaginação);
• espírito objetivo - opõe-se ao espírito subjetivo: o espírito se abre como expressão da vontade coletiva por meio da moral, da política, do direito. Enfim, o espírito objetivo se realiza no mundo da cultura;
• espírito absoluto - momento de superação do espírito objetivo, no qual a síntese final do espírito atinge a autoconsciência absoluta. A filosofia é a principal manifestação desse estágio.
Se o movimento próprio do espírito é uma reflexão em si mesmo, isso significa que "tudo aquilo que é real é racional e tudo aquilo que é racional é real". A realidade é o próprio desenvolvimento da ideia.
Pense no modo como falamos sobre a raça humana. Sem grande constrangimento (sem recorrer a qualquer teoria metafísica específica), dizemos com alegria que a raça humana evoluiu, ou que está em decadência.
Quando Hegel se refere a "espírito" está utilizando o mesmo tipo de linguagem, mas com o acréscimo de duas camadas metafísicas:
• ele está falando não apenas da história humana, mas da história de todo o universo;
• ele considera o universo como um todo orgânico que possui um ciclo de vida designado para isso.
A história do mundo é a história da sempre crescente autoconsciência do espírito. Os vários estágios da Ideia apresentam a si mesmos em momentos diferentes a diferentes grupos humanos. O espírito progride na consciência da liberdade no mesmo ritmo em que o crescimento da percepção da liberdade entre os seres humanos se amplia.
A história não é uma sequência aleatória de fatos ou uma compilação mecânica de dados, mas um percurso unitário e progressivo que revela um sentido profundo e uma trajetória em direção à expansão da liberdade universal.
FILOSOFIA DIALÉTICA
Esse processo de autoconsciência não acontece de modo natural e pacífico, mas de maneira dramática, contraditória e conflituosa. Para dar conta da dinâmica do real, surgiu a necessidade de criar uma nova lógica que não se fundasse no princípio de identidade (que é estático), mas no princípio de contradição. A nova lógica é a dialética.
A contradição e o movimento formam a constituição profunda da realidade e da história, o verdadeiro ser (o que permanece) é um incessante vir a ser. A realidade é feita de relações de opostos e nem por isso é destruída pela oposição, ao contrário, ela se renova e se supera nessa tensão gerando a história e o progresso.
Enfim, se a filosofia de Kant acabou por restringir o conhecimento ao âmbito da subjetividade, tornando impossível o acesso à coisa em si. Separando realidade e racionalidade.
Hegel reabre a possibilidade de conhecimento da alma e do mundo, pois tanto o mundo natural como o mundo do homem são permeados pela mesma racionalidade.
Neste vídeo, falei um pouco sobre o pensamento de Hegel:
00:00 ➡ Introdução
02:09 ➡ Uma resposta para Kant
07:19 ➡ Filosofia da história
10:34 ➡ Filosofia do espírito
34:54 ➡ Filosofia dialética
45:30 ➡ Um projeto grandioso
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UMA RESPOSTA PARA KANT
Hegel não estava satisfeito com a concepção de Kant de que não podemos conhecer as "coisas-em-si". Ele tenta superar as oposições rígidas do entendimento (pensamento e realidade, conceito e intuição, dever e inclinação) por meio de uma síntese superior da "razão especulativa".
FILOSOFIA DA HISTÓRIA
Com Hegel, o olhar para a filosofia se torna um pouco mais amplo, ela deixa de se restringir ao âmbito da reflexão intimista e cerebral e busca a compreensão de si nos fatos históricos que o homem realiza ao longo tempo. A história é o desenvolvimento do espírito universal, que faz dos indivíduos suas ferramentas.
Em outras palavras, nossa consciência e nossa razão não estão separadas do movimento da realidade, não são atividades meramente interiores e individuais, mas se formam na relação com o outro e com o mundo. Lentamente, o ser humano vai adquirindo autoconsciência e expande sua liberdade até chegar ao saber filosófico.
A descoberta desse movimento progressivo que interliga a consciência com o mundo mostra que, mesmo em suas atividades múltiplas e contraditórias, a história humana é racional. A compreensão desse grande processo em movimento é tarefa da filosofia.
FILOSOFIA DO ESPÍRITO
Um ponto de vista fundamental do pensamento hegeliano é o de entender a verdade não como substância fixa e imutável, mas como sujeito, como espírito, isto é, como atividade, processo. Cada momento do real é um momento necessário do absoluto: o real é um processo que se autocria enquanto percorre seus momentos sucessivos.
Em sentido geral, espírito é uma atividade da consciência que se manifesta no tempo e se expressa em três momentos distintos:
• espírito subjetivo - é o espírito individual, ainda preso na sua subjetividade (um ser com emoção, desejo, imaginação);
• espírito objetivo - opõe-se ao espírito subjetivo: o espírito se abre como expressão da vontade coletiva por meio da moral, da política, do direito. Enfim, o espírito objetivo se realiza no mundo da cultura;
• espírito absoluto - momento de superação do espírito objetivo, no qual a síntese final do espírito atinge a autoconsciência absoluta. A filosofia é a principal manifestação desse estágio.
Se o movimento próprio do espírito é uma reflexão em si mesmo, isso significa que "tudo aquilo que é real é racional e tudo aquilo que é racional é real". A realidade é o próprio desenvolvimento da ideia.
Pense no modo como falamos sobre a raça humana. Sem grande constrangimento (sem recorrer a qualquer teoria metafísica específica), dizemos com alegria que a raça humana evoluiu, ou que está em decadência.
Quando Hegel se refere a "espírito" está utilizando o mesmo tipo de linguagem, mas com o acréscimo de duas camadas metafísicas:
• ele está falando não apenas da história humana, mas da história de todo o universo;
• ele considera o universo como um todo orgânico que possui um ciclo de vida designado para isso.
A história do mundo é a história da sempre crescente autoconsciência do espírito. Os vários estágios da Ideia apresentam a si mesmos em momentos diferentes a diferentes grupos humanos. O espírito progride na consciência da liberdade no mesmo ritmo em que o crescimento da percepção da liberdade entre os seres humanos se amplia.
A história não é uma sequência aleatória de fatos ou uma compilação mecânica de dados, mas um percurso unitário e progressivo que revela um sentido profundo e uma trajetória em direção à expansão da liberdade universal.
FILOSOFIA DIALÉTICA
Esse processo de autoconsciência não acontece de modo natural e pacífico, mas de maneira dramática, contraditória e conflituosa. Para dar conta da dinâmica do real, surgiu a necessidade de criar uma nova lógica que não se fundasse no princípio de identidade (que é estático), mas no princípio de contradição. A nova lógica é a dialética.
A contradição e o movimento formam a constituição profunda da realidade e da história, o verdadeiro ser (o que permanece) é um incessante vir a ser. A realidade é feita de relações de opostos e nem por isso é destruída pela oposição, ao contrário, ela se renova e se supera nessa tensão gerando a história e o progresso.
Enfim, se a filosofia de Kant acabou por restringir o conhecimento ao âmbito da subjetividade, tornando impossível o acesso à coisa em si. Separando realidade e racionalidade.
Hegel reabre a possibilidade de conhecimento da alma e do mundo, pois tanto o mundo natural como o mundo do homem são permeados pela mesma racionalidade.
Neste vídeo, falei um pouco sobre o pensamento de Hegel:
00:00 ➡ Introdução
02:09 ➡ Uma resposta para Kant
07:19 ➡ Filosofia da história
10:34 ➡ Filosofia do espírito
34:54 ➡ Filosofia dialética
45:30 ➡ Um projeto grandioso
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