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João Batista Natali | Nos EUA, é muito fácil ter arma
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As 59 mortes em Las Vegas foram provocadas por um maluco. Mas existem malucos em qualquer canto do mundo. Então, por que é que eles provocam tragédias só nos Estados Unidos? A resposta é simples. As armas estão mais acessíveis para os americanos. O assassino de Las Vegas estava com 23 armas semiautomáticas. Las Vegas fica no estado de Nevada, que não tem nenhum controle sobre esse mercado. Compram-se metralhadoras no shopping ou pela internet. Mas por que, então, o governo não limita ou disciplina esse mercado? Há duas razões. A primeira: o direito de portar armas está na constituição. E faz parte de uma cultura meio esquisita, baseada no individualismo. A segunda razão está no peso do lobby de armas individuais. A principal entidade desse lobby, a NRA, deu no ano passado 30 milhões de dólares, para as campanhas de Donald Trump e do Partido Republicano. O governo anterior, o de Barack Obama, tinha proposto uma lei, para impedir a venda de armas a pessoas com problemas psiquiátricos. Trump enterrou essa exigência em fevereiro. Não levem a sério esse presidente, quando ele afirma, como fez hoje, que os americanos "irão falar sobre armas com o passar do tempo". Existem 300 milhões de armas de fogo nas casas dos cidadãos americanos. É quase uma arma de fogo por habitante. É por isso que, todos os anos, morrem por tiro 30 pessoas a cada 1 milhão de americanos. É quatro vezes mais que na Suíça, seis vezes mais que no Canadá, e vinte vezes mais que na Austrália, onde é proibido que o cidadão comum tenha uma arma em casa. No Brasil, em 2014, últimas estatísticas conhecidas, quase 45 mil pessoas morreram perfuradas por tiros. O estatuto do desarmamento, de 2003, representou uma diminuição desse número. Mas, agora, a chamada bancada da bala, no Congresso, quer liberar geral. Se eles conseguirem, preparem-se. Poderemos ter, toda a semana, uma Las Vegas nos bairros de Pinheiros, Itaquera ou Santo Amaro. É assim que o mundo gira. Boa noite.