Não me arrependo de nada (Poesia Lírica Portuguesa)

Não me arrependo de nada (Poesia Lírica Portuguesa)

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Não me arrependo de nada, o tempo é tão fiel,
Sob a asa das memórias, seu doce reflexo se expele.
Minha pena leve dança, encantadora quimera,
Efluente de emoções, seus ecos tomam o ar.

Cada dia se desfia, entre sombra e luz clara,
Nomes evanescentes trilham em mistério raro.
À âncora da memória, os verbos se agarram,
Na tinta serpentina, suas vozes se alastram.

Despejo um balde de sombra, tinta de profundidade,
Transbordando em lágrimas, brota a verdadeira intensidade.
Resta-me este sopro, este aroma de embriaguez,
De uma vida magnífica, em redondeza de ternura.

E não me arrependo de nada, nem dos prantos, nem dos risos,
Cada instante vibrante é uma estrela nos ermos.
Para vestir a poeira deste céu em esplendor,
Polvilho com mel as memórias, com amor.

Assim entrelaçam-se os fios de um sonho antigo,
De mil fogos, à noite, onde sigo todo o caminho.
Em eco no vento, se espargem os sermões,
Cantos de uma alma vagabunda, intensificando os horizontes.

No labirinto do tempo, traço os meus sulcos,
Estilhaços de luz sob o horizonte de sentimentos.
Ousar viver o absurdo, a beleza dos reflexos,
Não me arrependo de nada, nunca !

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