'O Último Olhar de um Soldado'

"O Último Olhar de um Soldado"
Inverno rigoroso, Ucrânia. O vento gelado cortava como lâminas afiadas, levantando a neve suja e misturando-se com a poeira da destruição. Sergei segurava firme o fuzil enquanto sentia o veículo tremer sob ele.
Ele não deveria estar ali.
Há apenas três dias, estava em casa, segurando o pequeno Mikhail nos braços, sentindo o cheiro doce do seu filho recém-nascido. Ele fechou os olhos e lembrou da cena:
A lareira acesa.
O riso suave de Anna, sua esposa.
Os olhinhos curiosos de Mikhail, que apertavam seu dedo com força.
"Volte para casa, Sergei… Por favor…"
Foram as últimas palavras dela antes dele ser convocado.
Mas soldados não têm escolhas.
Agora, ele estava ali. Na carroceria de um velho caminhão militar, espremido entre outros soldados assustados, com os olhos fixos no horizonte devastado. Prédios em ruínas. Árvores queimadas. A guerra engolindo tudo.
O rádio do comandante chiou:
"Drones inimigos foram detectados."
O silêncio caiu sobre a tropa. Todos sabiam o que isso significava.
O caminhão balançou violentamente ao passar sobre os escombros de uma estrada destruída. Sergei apertou a aliança no dedo.
BOOM!
Uma explosão à frente. O caminhão parou. Os soldados começaram a gritar. Sergei olhou para cima e sentiu o coração parar.
Um drone kamikaze vinha direto na direção deles.
Os motores da máquina zuniam como um enxame de abelhas assassinas. O tempo pareceu desacelerar. Ele viu os olhos arregalados dos companheiros. Sentiu o cheiro de pólvora e óleo queimado.
Seu corpo reagiu antes da mente.
Instintivamente, levantou as mãos para se proteger. Mas não havia proteção contra aquilo.
Em seu bolso, o telefone vibrou.
Era uma mensagem de Anna.
Ele nunca leu.
O mundo explodiu em branco.
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